Eu admito sem nenhum constrangimento que cresci apenas fisicamente (e nem tanto assim!), pois a minha alma ainda é a de uma criança. Nunca deixei de amar e colecionar livros infantis e juvenis, e é claro que nunca parei de ler A Turma da Mônica. Mas a verdade é que, como boa saudosista, passei a adolescência e a vida adulta esperando por uma saga como essa: um singelo retorno aos divertidos anos 80. Laços, dos adoráveis irmãos Vitor e Lu Cafaggi, resgata a essência de nossas infâncias tão inocentes, e vai além. Faz várias referências a história pregressa da turma, como as balas Bilula – “o gato mia, o cachorro late, o macaco pula, viva as balas Bilula”, nunca me esquecerei! - e também nos carrega nos braços, de volta ao tempo em que colecionávamos tampinhas e vibrávamos ao assistir filmes de “turma” como Os Goonies, ET – O Extraterrestre e Conta Comigo. As homenagens estão todas lá, dá até vontade de chorar. 

E os irmãos Cafaggi seguem adiante. Eles reinventam o traço clássico de Mauricio e inserem os personagens ainda bebês, numa retrospectiva que pode até te matar de tanto amor. Genial. Bom, mas vamos ao enredo. Cebolinha e Cascão fogem da Mônica, é claro que se trata de mais um plano infalível que não deu certo. Cebolinha está fantasiado de Peter Pan e Cascão de Capitão Gancho e o que eles mais querem é enviar a Mônica de uma vez por todas para a Terra do Nunca (Mais). Garotos malvados. Como sempre, o tiro sai pela culatra, e acompanhamos a correria dos dois através do conhecido e amado bairro do Limoeiro. Durante a fuga, encontramos outros queridos personagens da turminha, como Titi, Aninha, Cascuda e Xaveco. No final das contas eles tomam uma surra, mas o que vem na sequência é mil vezes pior: Floquinho desapareceu. 

Cebolinha, deprimido, mal consegue sair da cama. E aí entram os seus amigos do peito. Cascão, Mônica e Magali praticamente arrastam Cebolinha da cama e o obrigam a bolar um plano verdadeiramente infalível para encontrar Floquinho. Eles fazem cartazes e os distribuem pelas ruas, logo encontrando uma turma de “valentões”. Já sabemos que os supostos valentões apanham da Mônica e um deles acaba confessando que avistara Floquinho no Parque das Andorinhas. E aí temos mais uma surpresa: o parque fica num local ermo e afastado, o que leva o quarteto a viver uma grande aventura fora do tradicional Limoeiro. A (nossa) ansiedade vai aumentando, eles arrumam as mochilas com cantis, lanternas, kit de primeiros socorros, cobertores e guarda-chuvas – adivinhem quem cuida dos lanches! – e partem em busca do cãozinho. 

Uma série de acontecimentos bizarros e inusitados leva a turma a passar a noite no tal parque. E ali a gente vê de tudo: Manual do Patinho Escoteiro (ou Manual do Escoteiro Mirim, sonho de consumo de todas as crianças dos anos 80), “lp” do Roberto Carlos, cachorros fantasmas selvagens, garotinhas fofas que trucidam seus oponentes com Ursinhos Carinhosos (te cuida, Sansão!), cantigas de roda e o espantoso estômago roncador de Magali. No meio disso tudo, uma historinha contada por Mônica ao redor da fogueira que tem como personagem principal o seu pai, ninguém menos que o colossal Mauricio de Sousa. E para terminar, um delicado conto que mostra o primeiro encontro de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, com suas fofíssimas carinhas de bebê. Duvido que você consiga segurar as lágrimas - eu não consegui. E 'bora levar Laços para passear porque hoje é Dia Internacional de Ler Quadrinhos em Público (leia mais aqui). Boa leitura!!!