Ferreira Gullar é uma figura extraordinária da literatura brasileira. Poeta, tradutor, biógrafo, crítico de arte, ensaísta e artista plástico, esse maranhense de 81 anos é sinônimo de excelência, e também de um sorriso límpido. Ganhou em 2010 o Prêmio Camões, concedido a escritores que são verdadeiros patrimônios da literatura em língua portuguesa. 

Aqui ele faz às vezes de poeta e artista plástico. Gullar tem o hábito de recortar todas as correspondências que recebe, de convites a cartões postais. São figuras que surgem do acaso, pois como diz o poeta, “a maior parte da vida é acaso...” 

Assim sendo, ele vai recortando e guardando as variadas formas e cores em envelopes e quando senta-se em sua escrivaninha para trabalhar, não faz a menor ideia da figura que irá surgir. Isso é demais. No caso de Zoologia Bizarra, ele vai dispondo os papeis aleatoriamente e, de repente, aparece um cachorro. Ou jacaré, ou cobra, ou dragão. 

Então, ele coloca um olho e...voilà! Surge a lhama bailarina. Todas as colagens são acompanhadas de poemas, engraçados, curiosos, extremamente imaginativos. Ferreira Gullar é assim, consegue transformar um pedaço branco de papelem poesia. E um recorte deste mesmo papel em arte.