O Vale do Paraíba é uma região que fica entre São Paulo e Rio de Janeiro. Cortada pelo rio Paraíba do Sul, é repleta de serras, belas paisagens e boas histórias para contar, claro! Afinal, são mais de trezentos anos de pessoas trabalhando, construindo, sonhando, festejando, rezando e inventando tradições, lendas e crendices. Por lá passaram os famosos bandeirantes e também os tropeiros que transportavam açúcar, café e toda a sorte de mercadorias. Cada uma dessas pessoas deixou uma história para trás. Em diferentes épocas da história, o Vale do Paraíba recebeu portugueses, africanos, italianos, alemães, espanhóis, suíços, etc, etc, etc. O livro do dia traz um pouquinho deste legado, através do olhar carinhoso de Ricardo Azevedo. E porque hoje é o Dia do Folclore, vamos comemorar e nos divertir com a infinidade de possibilidades que a obra nos apresenta. 

Os textos do livro foram divididos em vários blocos, e eu devo dizer que a minha parte favorita – além dos contos e lendas, claro! – é o caderninho de receitas. Ao ler os nomes das delícias, fiquei maravilhada com a criatividade e bom-humor do autor e dos pesquisadores (e com água na boca também!). Não vejo a hora de prepará-las. E prová-las! Espiem só as descrições: Espera-marido (leite e canela, amo!), Furrundum (a base de doce de cidra e rapadura), Biscoito Não-me-Toques, Bolinho Perna de Nhá Marcela (!), Coruja, Bombocado Delicioso (um dos meus doces mais amados J), Lambe-Dedo e mais. Quero todos!!! Ademais, temos quadras, adivinhas, crendices e ditados. Eu adoro aquele que diz: “O amor é feito o café: quando esfria perde o sabor”. 

Bom, mas e os contos e as lendas? Impossível falar sobre todos eles aqui, mas os meus preferidos são os contos de encantamento, com alto teor sobrenatural. Em A filha bonita do Diabo, um moço perdido cai num buraco e acaba chegando ao inferno. Lá ele tem que executar três tarefas para ser liberado, senão, já era...Felizmente o moço conta com a ajuda da bela e bondosa filha do tinhoso. Assustadora, A lenda do galope dentro da noite, fala sobre um homem que viaja muito pelo Vale do Paraíba. Depois de fechar um negócio importante, ele sai com seu cavalo à noite e não demora a ser seguido por um misterioso e sibilante vulto. 

E livro bom de folclore tem história de Pedro Malazarte, certo? Nós, que somos muito afortunados, não ganhamos uma só e sim três! Em Sopa de malandro, uma mulher mesquinha recusa-se a dividir o jantar com Malazarte e ele, espertalhão como sempre, dá de ombros e diz que vai preparar uma saborosíssima sopa de pedra. A mulher nunca provara a tal sopa e fica curiosa. É aí que Malazarte começa a pedir um tacho, e depois um pouquinho de manteiga e termina esvaziando toda a despensa da malvada. Hilário! Em Pedro Valentão, o nosso querido anti-heroi tem um encontro com o desconhecido e na última história vai até parar no céu! Espero que todos vocês tenham tempo para degustar esse tesouro lentamente. Para começar, tentem adivinhar essa: 

Brinque também: Folclore e Festas (Ed. Paulus) faz parte de uma divertida coleção que visita os mitos e lendas brasileiras através da arte do origami. Aqui temos um volume que retrata as festas do Brasil, como o carnaval, as festas juninas e a folia de reis. Dá para montar os figurinos e adereços correspondentes a cada uma das festividades, muito bacana mesmo