Livro do dia: Os fantasmas da igreja

Livro do dia: Os fantasmas da igreja

Posted by Kátia

Feliz 243 anos, Porto Alegre! É claro que eu não podia deixar de homenagear minha cidade adotiva, onde a cada dia descubro coisas belas, intrigantes e saborosas. Viva Porto Alegre!!! O livro do dia é escrito pelo porto-alegrense Caio Riter e, mais ainda, conta a história de um mistério envolvendo um de nossos cartões-postais, a Igreja das Dores. Para quem ainda não conhece, a série Os Sinistros traz o trio de jovens estudantes Pedro, Shaila e Cadu investigando mistérios sobrenaturais. No primeiro volume (escrito por Rosana Rios), ambientado no Colégio Casmurro em São Paulo, os três se reúnem a fim de reativar o jornal da escola e começam a trabalhar em casos antigos não solucionados. Agora os membros do Sinistro - Sociedade de Investigação e Neutralização de Indesejáveis Seres Tenebrosos, Repugnantes e Ocultos – estão de férias. 

Pedro - gaúcho que vive em São Paulo - vai passar as férias de julho em Porto Alegre com o tio Guilherme Arthur, um antropólogo cético que estuda lendas urbanas por pura diversão. Sobrinho e tio caminham pelo Centro Histórico de Porto Alegre na noite da chegada do menino e, logo de cara, Pedro vê a aparição na escadaria da Igreja das Dores: um homem negro, sem camisa, vestido apenas com calças claras. Pedro fica arrepiado com a cena e o tio, alheio ao chocante ocorrido, trata logo de contar a lenda que paira sobre o local. Durante a construção da igreja, no século XIX, o escravo Josino fora acusado injustamente de roubo, e por isso condenado à morte. Ele morrera negando tudo e rogara uma praga, dizendo que o seu senhor e os demais acusadores jamais veriam as obras da igreja concluídas. 

Por motivos diversos, a construção da igreja levou mais de 100 anos para ser finalizada, o que contribuiu para que a lenda se enraizasse. O tio fala com certo desdém sobre a lenda, mas Pedro logo se conecta com os outros “sinistros” e lhes conta sobre o fantasma e a bruma de mistério que envolve a Igreja das Dores. Uma coisa fica decidida de forma unânime: Pedro precisa visitar a igreja o mais breve possível. E lá vai ele. O adolescente faz amizade com uma garota de sua idade ao entrar no elevador do prédio, a bela Luana. Juntos, caminham pela Rua da Praia em direção à Nossa Senhora das Dores. Ao subir as famosas escadarias da igreja, o coração de Pedro bate forte. A falante Luana conversa sobre a lenda local e diz que padre Guido e outras pessoas já haviam testemunhado a aparição do escravo Josino. Pedro vai ficando mais e mais ansioso. 

O tempo fecha (“dia que se prepara para temporal sempre é bom momento para o encontro com almas atormentadas”), raios explodem e o clarão invade a igreja através dos vitrais das janelas com suas cenas bíblicas. É claro que o fantasma de Josino não demora a aparecer. Com um brilho morto nos olhos ele alega inocência e parece apontar para um alçapão no chão, talvez um porão? O padre Guido aparece e fala de seus encontros com o fantasma de Josino, mas uma nova informação deixa o nosso jovem ainda mais inquieto: um novo fantasma assombra a igreja, um homem de chapéu, bem vestido, de chicote na mão e olhos de fogo. Quem seria ele? Os Sinistros vão precisar de muitos encontros via Skype para elucidar esse mistério, que envolve uma santa com olhos de esmeralda roubados e sequestros muito bizarros. Na epígrafe de cada capítulo há um trecho do assombroso A volta do parafuso, de Henry James, livro que Pedro está lendo e que dá todo o clima de suspense e terror que os nossos jovens investigadores irão enfrentar. Sem contar as belas locações da cidade e as outras lendas urbanas (como a Maria Degolada e o linguiceiro da Rua do Arvoredo) que fazem de Porto Alegre um lugar fascinante para se viver. E que venham mais livros da série ambientados por aqui, a torcida com certeza é grande Smile

Os fantasmas da igreja
Autor: Caio Riter
Ilustrador: Weberson Santiago
Editora: Melhoramentos
Tema: Histórias de arrepiar
Faixa etária: A partir de 11 anos 
 
Leia também: Porque hoje eu só quero saber de histórias de fantasmas - e também comemorar o Dia do Cacau – a dica é O fantasma que gostava de chocolate (Editora Dimensão), que fala sobre um fantasminha atípico que tem dor de barriga, estuda, faz terapia, gosta de comer chocolate e – pasmem! – não quer saber de assustar ninguém. Adorável.

Um de meus lugares preferidos de POA, a Casa de Cultura Mário Quintana [Arte de Carlos Nine]
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