Ontem também foi comemorado o Dia dos Avós, mas como estava o maior rebuliço por causa do aniversário do meu irmãozinho querido, decidi fazer de uma forma diferente. Hoje falarei sobre um livro de vovó e amanhã será a vez dos vovôs, porque eles são muito cavalheiros e fazem questão de honrar as damas em primeiro lugar. Bom, eu não escolhi este livro apenas pelo tema, e sim porque é um dos meus preferidos. Desde que o encontrei pela primeira vez não consegui mais me separar dele. Sim, é um livro sobre perda, mas acima de tudo, uma história de amor incondicional entre uma avó e sua netinha. 

Vó Nana e Neta são duas lindas porquinhas que sempre viveram juntas, compartilhando todos os momentos e tarefas do dia. A pequenina cuida, por exemplo, do café da manhã, preparando o mingau, o chá e as torradas. Já a vovó pica as cenouras e os nabos para o almoço e as duas juntinhas fazem o jantar, à base de milho e aveia. Neta reclama do jantar – ela detesta milho e aveia – mas, segundo a vovó, fazem bem à saúde. Ela completa dizendo que, enquanto fosse viva a netinha comeria de tudo. Em silêncio, Neta, se imagina comendo milho e aveia em todas as refeições. E fica feliz, acreditando que desta forma a vovó viveria para sempre. 

Um dia, porém, a vovó não se levanta para o café da manhã. A netinha, preocupada, leva o seu café na cama, mas Vó Nana está cansada e passa o dia todo dormindo. Enquanto isso, Neta cuida de seus afazeres, tenta assobiar uma canção, mas tudo o que consegue é um “oinc” bem fraquinho. Na manhã seguinte, ainda cansada, vovó se levanta com dificuldade, come só uma colherada de mingau e sai para resolver algumas questões. “Tenho de estar preparada”, diz para Neta, que responde “Preparada para quê?”. O silêncio deixa a pobre porquinha com uma enorme vontade de chorar. 

Na volta, Vó Nana encontra um último fio de disposição e diz para Neta que quer se fartar. Não de comida, mas de vida e beleza. Elas então fazem um passeio pelas redondezas e a vovó se farta de olhar as árvores, as flores, o céu. Ela queria saborear tudo como da primeira vez, experimentando cada sensação, cada aroma, cada textura. As cenas finais são explosões de cores aquareladas. Árvores enormes, verde em abundância, nuvens fofinhas, e o lago refletindo aquele cenário de pura beleza e delicadeza. Não tenho o que dizer das ilustrações de Ron Brooks, ele sabe me levar às lágrimas. Nossa, reler esse livro agora me fez sentir uma saudade imensa da energia de minha avó, hoje com 87 anos. Vó, eu queria voltar naquele tempo em que a senhora me ensinava os primeiros passos da arte culinária. Permaneceria de bom grado por lá, enrolando docinhos e tomando broncas por causa do tamanho desigual deles. Te amo, fique comigo para sempre!!!