Livro do dia: O menino que mordeu Picasso

Livro do dia: O menino que mordeu Picasso

Posted by Kátia

Hoje é um dia muito especial porque falaremos - pela primeira vez neste espaço! - sobre um de meus artistas favoritos, o espanhol Pablo Picasso. Na realidade, este Dia Internacional dos Museus será comemorado com muuuitos outros artistas fantásticos, seja em posts ou pequenos textos no face. Em O menino que mordeu Picasso, o fotógrafo Antony Penrose compartilha conosco algumas recordações de sua infância, quando vivia numa bucólica fazenda em Sussex, Inglaterra, e travou amizade com Picasso. 

Filho da fotógrafa Lee Miller e do artista plástico Sir Roland Penrose, Tony era totalmente fascinado por aquela figura de profundos olhos negros e sorriso largo. E, claro, por aquelas mãos absolutamente fabulosas que criaram tantas pinturas, desenhos, colagens, esculturas, cerâmicas, etc, etc, etc. Através das fotos de Lee e das obras do próprio Picasso, nos aproximamos não apenas do homem (e mito), mas nos sentimos como que parte de seu universo artístico, de sua família. Tony conta que Picasso adorava o ateliê de seu pai Roland, mas o que ele preferia mesmo era observar os animais. Ali nasceram muitas ideais para pinturas como o retrato da belíssima Lee e o do touro William “fantasiado de gafanhoto”. 

Aliás, Lee Miller gostava de contar a todos que o filho – ele jura que não se recorda do acontecimento -, durante uma brincadeira, acabou mordendo Picasso. E ele mordeu de volta, hahahaha. Para evitar o choro do menino, Picasso teria emendado com um “Nossa! É a primeira vez que eu mordo um inglês!”. Espirituoso é pouco. A família Penrose retribui a visita de Picasso e lá vai Tony conhecer a França pela primeira vez e fazer amizade com os filhos mais novos de Picasso, Claude e Paloma. Ele também conheceu ninguém menos que o pintor e escultor Georges Braque – cofundador, ao lado de Picasso, do movimento cubista. 

Num passeio pelo ateliê-fábrica de Picasso, Tony descobre suas incríveis esculturas “que mais pareciam brinquedos”. Picasso quase nunca utilizava materiais preciosos, como ouro e prata. Para ele, o desafio era o de transformar lixo em arte. Tony se recorda de uma mulher de metal em tamanho real, com um lindo chapéu e um par de olhos engraçados. E de um bebê feito com pedaços de tigelas quebradas. E da linda escultura (minha preferida!) de uma menininha pulando corda. Picasso era assim, espontâneo, pegava o que tivesse à mão na cozinha ou no jardim e transformava em ouro. Ele adorava as crianças e permitia que elas mexessem em todas as suas coisas. Só ficava bravo se gente grande fizesse o mesmo. Picasso, genial, estava sempre experimentando, inventando, desfrutando a vida em boas companhias. Ele faleceu aos 91 anos de idade, em 1973, deixando um legado de quase 2 mil pinturas, mais de 7 mil desenhos, muito mais de mil esculturas e uma infinidade de coisas preciosas. Picasso foi amigo de Tony e eu sinto como se ele fosse meu também. Espero que, depois desta agradável leitura, você se sinta cativado por este que foi sem dúvida um dos maiores e mais influentes artistas de todos os tempos. 

O menino que mordeu Picasso
Autor: Antony Penrose
Ilustradores: fotografias de Lee Miller; desenhos, pinturas e esculturas de Pablo Picasso
Editora: Cosac Naify
Tema: Arte
Faixa etária: A partir de 07 anos 
 
Visite também: Corre que ainda dá tempo de prestigiar a magnífica exposição Picasso e a Modernidade Espanhola, em cartaz até o dia 08 de junho no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo. Agora se você estiver no Rio, fique tranquilo, a exposição segue pra aí no dia 24 do mesmo mês e fica até 07 de setembro. Entre as 90 obras expostas estão pinturas, gravuras e esculturas de Picasso e de outros artistas espanhóis como Salvador Dalí e Joan Miró. Imperdível!!! Ah, e se você for uma “criança grande” ou um adepto de longas leituras, por favor, leia Picasso Criador, uma biografia que mudou a minha vida ♥

Picasso e Tony admiram a "Mulher com chave"
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