A jornalista Míriam Leitão, que não esconde de ninguém a sua alma de ecologista, de repente se viu apaixonada pela Fazenda Brejo Novo, em Minas Gerais, e por toda a área da Mata Atlântica que abraça o local. Decidida a proteger e a reflorestar aquele espaço de tamanha beleza, Míriam, com a ajuda de parentes e amigos, criou uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), onde nada pode ser derrubado. Aos poucos ela foi aprendendo sobre as árvores e pássaros da região e testemunhando episódios mágicos que felizmente compartilhou conosco. Hoje, no Dia da Mata Atlântica, temos o prazer de levar esse livro até você. 

Aqui, sob a ótica dos passarinhos pequenos que vivem na Fazenda Brejo Novo, ela nos conta histórias de força, união e resistência e, claro, nos ensina muuuito sobre a flora e especialmente sobre as várias espécies de pássaros que moram por ali. Dá para acreditar que naquele trecho de mata vivem mais de 150 espécies diferentes? É sério! Eu adorei conhecer tantos pássaros maravilhosos, com cantos melodiosos e cores vibrantes tão bem representadas pelas lindas ilustrações de Rubens Matuck. Através deste delicioso passeio encontrei o trinca-ferro com o canto mais belo de todos, o tímido flautim também conhecido como fantasminha da mata, a magnífica e multicolorida saíra-dourada e muitos outros.   

A história começa com a reunião dos pássaros pequenos, como o Coleirinho, o Sabiá, o Bem-te-vi, o Beija-flor e a Andorinha, que têm o costume de construir seus ninhos na área aberta da mata e estão preocupados com o desmatamento. Sentem-se vulneráveis no que diz respeito aos pássaros maiores e são obrigados a procurar habitação perto da casa da fazenda, onde vivem os humanos que nem sempre são tão legais assim (se soubessem que a proprietária era Míriam, eles ficariam muito mais tranquilos). A comida também é escassa, ainda que mata dentro existam espécies de árvores das mais diversas. Ipês, muricis, canelas, cedros, embaúbas, bromélias e até o jacatirão, que dá uma frutinha roxa no inverno. E o palmito, muito visitado pelos pássaros. Cada árvore tem a sua função e os passarinhos contribuem da melhor maneira possível, pegando as sementes e espalhando-as por todos os lados, até na área dos pastos. Mas os trabalhadores roçam, os gados pastam e o trabalho dos passarinhos vai por água abaixo. Como fazer para aumentar a mata? 

Durante a tal reunião, os pássaros decidem fazer um concerto de música para os humanos, a fim de reivindicar seus direitos. Para isso, precisariam da ajuda de alguns pássaros cantores, como o exímio Trinca-ferro. E é aí que precisam se embrenhar mata adentro, porque muitos desses pássaros vivem isolados e solitários. Mas, de uma forma ou de outra, escondidos ou não, a mata é o lar de todos e juntos poderão fazer a diferença. Então lá vai a comitiva dos pássaros campestres tentar convencer não apenas o Trinca-ferro, mas também o Jacu, o Tangará, o Surucuá, o Tiê-de-topete...Além disso, todos precisarão aprender a respeitar as diferenças e a conviver harmoniosamente, afinal, o futuro da mata depende do sucesso deste grande concerto.