A literatura de tradição oral foi por séculos a única forma de arte verbal cultivada na Rússia. Transmitidos de geração a geração, esses contos populares desempenharam importante papel na formação de grandes mestres da literatura russa, como Pushkin, Gogol, Tolstoi, Dostoievski, entre outros. 

Esse primeiro volume reúne alguns dos maravilhosos contos que os mestres contadores mantiveram vivos através dos tempos. Citarei alguns de meus preferidos, como Miséria, que narra a história de dois irmãos camponeses, um pobre e o outro rico. Ignorado pelo irmão abastado, o pobre começa a caminhar ao lado da Miséria, vil companheira que lhe tira todos os centavos do bolso. Mas, numa primeira virada do destino, o pobre camponês engana e Miséria e começa uma vida nova e abundante, até atrair os olhares do invejoso irmão rico. 

Em Enigmas, um rei tem um encontro com um camponês espirituoso e depois de uma bela conversa, leva um enigma para a corte. O rei diz que perguntou sobre o lucro das terras e o camponês lhe respondeu que “quando a safra é boa, posso ganhar oitenta rublos, mas pago vinte de impostos, vinte de dívidas, vinte dou de empréstimo e vinte atiro pela janela”. O rei instruíra o camponês a jamais revelar a verdade a quem quer que fosse fora de sua presença. Mas logo todos os nobres e generais vão ao seu encontro, pedindo auxílio na resolução do enigma – o vencedor ganharia grande recompensa e honrarias. 

O anel encantado fala sobre a lealdade entre um cão, um gato e um homem. Um jovem camponês, numa de suas aventuras, consegue um anel mágico que, quando passado de um dedo para outro faz surgir um exército de trezentos homens. Esse exército realizava as mais fantásticas tarefas em apenas uma noite e com essa proeza o jovem acaba conquistando a atenção de um rei e sua filha. Ardilosa, a moça engana o novo marido e tira-lhe o anel. E assim os animais partem em seu auxílio. Enfim, esses são apenas três entre dezenas de contos interessantíssimos sobre o povo russo. Sei que ainda não comentei com vocês, mas sou imensamente apaixonada pela Rússia, assim como o sou pelo Japão. Então, é certo que lerão muito ainda sobre autores, artistas, matriochkas, babayagas e aquela deslumbrante vastidão branca. Amo!!!