Oba, hoje é dia de falar sobre arte. Mais ainda, conversaremos sobre um dos meus artistas plásticos favoritos, o belga René François Ghislain Magritte (1898-1967), ou simplesmente Magritte, para os mais chegados, hahahahaha. Ele faz parte da chamada escola surrealista (ainda que eu não curta muito esse negócio de rotular a arte) e, ao lado de Salvador Dalí, é o nome mais famoso do movimento. O surrealismo nasceu na Paris da década de 1920, muito influenciado pela psicanálise de Sigmund Freud, que exalta a manifestação criativa através do subconsciente. Se parece complicado para você, tente ver os quadros e sentí-los. Essa é a melhor maneira de descobrir se uma determinada obra ou artista toca o seu coração.

Magritte já era um pintor prolífico quando conheceu o surrealismo. Inspirado pela obra de Giorgio de Chirico, em particular seu quadro Le chant d’amour (O canto de amor), Magritte pinta sua primeira tela surrealista, Le jockey perdu (O jóquei perdido), em 1926. “Na minha pintura não há assuntos nem temas, trata-se de imaginar imagens cuja poesia restitua às coisas conhecidas o que elas têm de absolutamente desconhecido...e desconhecível”. Para mim, é totalmente inspirador. 

O livro do dia é pura ficção infantojuvenil, mas a grande sacada do autor é utilizar os quadros de Magritte para empreender uma verdadeira caça ao tesouro. Nan, um menino um tanto excêntrico – cujo rosto nunca aparece nas fotos e com a estranha habilidade de fazer a comida crescer de acordo com seu apetite – recebe dos anjos a missão de recuperar um tesouro. Os anjos vivem num castelo de pedra no céu e foram roubados pelo abilolado do Papa-Figo, um gigante meio sem noção que deixou vários objetos na cena do “crime”. Os anjos fazem segredo sobre o tal tesouro roubado, mas fornecem a Nan um mapa do interior do castelo do gigante. Por sua própria conta e risco, Nan embarca na jornada, fazendo aliados pelo caminho e vivendo grandes aventuras. 

Ainda que a quantidade de personagens seja exagerada – eles aparecem e desaparecem numa velocidade um tanto entediante – o final redime tudo, com a identidade secreta do tesouro revelada (ótima sacada) e o surgimento de uma personagem (até que enfim!) encantadora. Mas o melhor de tudo mesmo é usar as imagens dos quadros de Magritte para descobrir detalhes sobre a vida de Nan, dos anjos, do gigante e avançar na história. Foi uma excelente ideia do autor, que ainda dá umas sugestões de atividades relacionadas com a obra de Magritte. Você terá acesso aos seus quadros mais famosos, e depois poderá explorar sozinho o mundo de literatura que existe por aí sobre Magritte, Dalí e os outros grandes gênios da arte surrealista. Bon Voyage!