Livro do dia: O corcunda de Notre-Dame

Livro do dia: O corcunda de Notre-Dame

Posted by Kátia

*Suspiros profundos, olhos cintilantes de amor, sorriso abobado*

Falar sobre Victor Hugo é falar sobre um dos meus escritores preferidos – Os Miseráveis é um dos livros da minha vida. Mais do que apresentar a vocês o escritor genial, ou o herói nacional amado, condecorado e jamais esquecido, pensar nele traz a tona a imagem do homem que amava a sua pátria e a sua arte acima de tudo. Ninguém descreveu as maravilhas arquitetônicas e belezas naturais da França como Victor Hugo. Isso é fato. E o que dizer então de Paris, cidade pela qual tenho profunda adoração? Ouso afirmar que O corcunda de Notre-Dame (Notre-Dame de Paris, no original) tem como personagem principal a própria cidade, com suas diferenças sociais e religiosas e, em particular, o esplendor da Catedral de Notre-Dame. 

O livro foi escrito em 1830 e lançado no ano seguinte. Foi o primeiro romance de Hugo, que logo o elevou ao título de melhor escritor da Europa. Não somente a descrição da Paris da época embriaga todos os nossos sentidos, mas também a construção de cada um dos personagens, oprimidos, opressores, belos, horrendos, cômicos e trágicos. É impossível passar por essa experiência sem sentir-se transformada. Ler O corcunda de Notre-Dame é um presente ao qual devemos nos permitir. Compartilhar essa leitura é ainda mais sublime. 

Mas vamos à história que já estou devaneando muito. Na Paris do século XV encontramos um dramaturgo deslumbrado que acredita ter escrito uma obra-prima. Ele se chama Pierre Gringoire e é solenemente ignorado pelo público, que prefere se concentrar num tal de Festival dos Tolos. Logo também conhecemos Quasímodo, o sineiro da Catedral de Notre-Dame. Quasímodo tem o corpo deformado e um rosto desfigurado, o que o levou a uma vida de reclusão e solidão. Esmeralda é uma bela cigana, que também sofre preconceito por causa de sua origem. Há também Claude Frollo, padre da Catedral, homem maléfico por quem Quasímodo sente um amor filial. De uma forma ou de outra, o fascínio que Esmeralda exerce sobre os homens desencadeará uma história trágica, sem direito a final feliz. 

Quasímodo é eleito o Papa dos Tolos, Frollo tenta raptar Esmeralda, mas quem leva a culpa é o corcunda. No final de contas, apenas os inocentes serão julgados e enfrentarão a desconfiança e a raiva daqueles que pareciam admirá-los há segundos atrás. Revelar mais seria um pecado contra esse clássico da literatura. Aproveite bem essa edição do livro - título integrante de uma coleção muito legal - que traz informações históricas sobre a cidade e a sociedade de Paris, e mais ilustrações tão realistas que praticamente te transformarão em testemunha ocular desta história linda de amor, desencanto e perfídia humana. 

O corcunda de Notre-Dame
Autor: Victor Hugo
Ilustrador: Tony Smith
Editora: Companhia das Letrinhas
Temas: Amor; Preconceito; Clássico
Faixa etária: À partir de 10 anos 

Assista também: Eu sei que as versões da Disney costumam adocicar demais as obras originais, mas se você tem um menorzinho em casa, assista com ele O Corcunda de Notre-Dame (The Hunchback of Notre Dame, 1939), que conta com personagens adoráveis como as gárgulas e a cabra Djali, e claro, o fofo do Quasímodo. Para aqueles que, como eu, preferem os clássicos, minha sugestão é o maravilhoso filme de 1939, com os excelentes Maureen O’ Hara e Charles Laughton. Foi o primeiro contato que tive com a obra, e que logo me transformou em adoradora de Victor Hugo. 

Uma gárgula de Notre-Dame observa sua magnífica Paris
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