E para terminar o mês de abril, nada melhor do que poesia, aliada à magnífica arte de Odilon Moraes. Escrita pelo poeta mineiro Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), Ismália versa sobre a perda, a espiritualidade e a inconstância da vida, temas caros aos simbolistas, escola a qual Guimaraens pertenceu. 

O Simbolismo nasceu na França no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo, que se concentravam no universal em detrimento do individual. Os simbolistas desejavam alcançar a alma, a essência do ser humano e, por conta disso, Paul Gauguin, artista plástico que foi um dos nomes mais expressivos do movimento, chegou a abandonar a França natal para viver ao lado de seus retratados na Polinésia francesa. 

A musicalidade, o misticismo, o intuitivo, o amor platônico e a resignação diante da dor e do sofrimento são algumas características do Simbolismo. Na literatura, seus representantes mais conhecidos são Baudelaire (que teria sido o precursor do Simbolismo, com o lançamento de As Flores do Mal em 1857), Mallarmé, Rimbaud e, em língua portuguesa, temos António Nobre, Guimaraens e Cruz e Sousa ♥

No livro do dia, Ismália é a mulher amada que flerta com a loucura, buscando incessantemente uma conexão física e espiritual com o universo. Ela aparece numa torre, sonhando com a lua do céu e desejando a lua do mar. Diz-se que o próprio Guimaraens vivia em uma “torre de marfim”, que seria a sua cidade do coração, Mariana, em Minas Gerais. Essa linda edição da Cosac traz o poema ilustrado em lindos tons de marrom, que desdobram-se em páginas espelhadas e ganham vida como obra de arte. Dá para manter o livro fechado e guardar na biblioteca ou deixa-lo aberto, na parede e encantar a todos os que te visitarem. Tenho certeza de que os adolescentes curtirão. E muito.