Desde que comecei a escrever textos para o blog, penso numa maneira de apresentar ao público infantojuvenil este que é um dos poemas mais famosos e dramáticos da literatura, O corvo, de Edgar Allan Poe. Existem várias versões, claro, mas nenhuma que introduzisse levemente o jovem leitor no universo tão particular – e melancólico, diga-se de passagem – do grande mestre do gótico. Mas finalmente minhas preces foram atendidas. Conheci há pouco tempo uma versão do poema que, de tão inusitada, chamou a minha atenção na hora.

Trata-se de um livro imagem, uma obra de arte na qual o poema, livremente adaptado por Manu Maltez, é contado através de belíssimas ilustrações em preto e branco (o livro venceu o Prêmio Jabuti deste ano, justamente na categoria ilustração). Mas é claro que você terá acesso total ao poema original, que aparece tanto em inglês, como em duas versões para o português – uma delas, conhecidíssima, foi traduzida por ninguém menos que Fernando Pessoa.

Edgar Allan Poe, o homem, a lenda, escreveu O Corvo em 1845, três anos antes da precoce morte, aos quarenta anos. O poema relata a história de um homem que passa noites intermináveis debruçado sobre livros, desesperado de saudades de sua amada falecida. Ele não consegue, ele não quer esquecê-la. De repente, alguém bate à sua porta e o eterno enamorado, ainda que sobressaltado, decide atender. O suspense deste homem se dirigindo à porta e se indagando quem seria é quase extenuante, e mais assustador ainda é o que vem na sequência.

É um lamento quase enlouquecido por um amor perdido, uma reflexão sobre o fim e uma fé cega num possível reencontro. Lindo, triste, apavorante e imensamente romântico, enfim, nenhuma palavra que eu disser será capaz de descrever a genialidade de O corvo. Corram, jovens leitores, conheçam Poe e sejam imensamente felizes.