Livro do dia: Como me tornei uma bailarina

Livro do dia: Como me tornei uma bailarina

Posted by Kátia

É difícil explicar o tamanho da felicidade, mas compartilhar um livro tão amado, desejado e procurado é uma das melhores sensações do universo. Tive essa raridade em mãos no comecinho dos anos 2000. Não sei por que não o trouxe para morar na minha biblioteca naquela época, mas o fato é que o precioso tesouro esgotou-se desde então. Tentei de tudo: busca incessante em sebos físicos e virtuais, apelo aos amigos e nas redes sociais. Nada. Dei um tempo. Daí pensei no significado que ele teve em minha vida, pensei na data de hoje, o Dia Internacional da Dança, e voltei à luta. Não foram necessários grandes embates, o livro simplesmente estava a minha espera. E agora eu o apresento a vocês (pulando de contentamento, iupiiii!) 

Anna Pavlova (1881-1931), o mito do balé russo, nasceu em São Petersburgo e foi invadida pela arte da dança ao assistir uma apresentação de A Bela Adormecida ao lado da mãe. Foram anos de estudo, dedicação e perseverança até ser aceita na Escola Imperial de Balé. Para ter uma ideia do tamanho do comprometimento de Pavlova com o balé, ela desenvolveu uma sapatilha reforçada com couro e costura especial, que a permitia explodir em movimentos (as sapatilhas de hoje incorporam essas adaptações). Finalmente, Pavlova tornou-se prima ballerina do Teatro Mariinsky. Ele viajou pelo mundo todo, visitando cerca de quatro mil cidades em quinze anos. 

A Morte do Cisne foi a sua peça mais importante e diz a lenda que, uma noite após sua morte, o teatro onde deveria representá-la iniciou o espetáculo com a orquestra, mas a cortina se abriu e o holofote iluminou o palco vazio. Uma bela homenagem. O livro do dia é inspirado num trecho da biografia de Pavlova, Pages of my Life. O que fica registrado aqui é o encantamento da menina durante a apresentação de A Bela Adormecida, aquela que mudaria completamente a sua vida. As ilustrações são na realidade reproduções da obra de outro colosso das artes, o impressionista Edgar Degas (1834-1917). Ainda que não tenham se conhecido pessoalmente, não há nada que case mais perfeitamente do que as palavras de Pavlova e as bailarinas de Degas. 

Encontramos então a pequena Anna Pavlova, órfã de pai, muito pobre, mas abençoada com uma mãe espirituosa que sempre a presenteava com surpresas para lá de especiais. Foi assim na noite de A Bela Adormecida. A garota nunca tinha ido ao teatro, e, curiosa, enche a mãe de perguntas. “Você vai entrar em um mundo mágico”, responde a mãe, e as duas flutuam enlaçadas, cheias de alegria. Ao ouvir a música da peça, composta por Tchaikovsky, Pavlova tem a certeza de que ouviu a voz da Beleza. Aquilo toca profundamente o seu coração. Os bailarinos entram em cena e ela não consegue reprimir um grito de júbilo. Naquele momento, ela tem a certeza de que aquele é o seu destino, e faz uma promessa a mãe: “Um dia eu vou ser a Princesa e dançar no palco aqui deste teatro”. Amor puro. 

Como me tornei uma bailarina
Autora: Anna Pavlova
Ilustrador: Edgar Degas (reproduções)
Editora: CosacNaify
Temas: Arte; Música; Profissões
Faixa etária: A partir de 04 anos 
 
Leia também: Filé é um cachorro que não quer saber de se coçar, fazer xixi em poste ou correr atrás do próprio rabo. Para ele só uma coisa importa no mundo: dançar balé. Então lá vai ele com seu tutu, todo aplicado e concentrado, sem nem ao menos se importar se Cachorros Não Dançam Balé (Paz e Terra). Da mesma dupla do adorável Rinocerontes Não Comem Panquecas (aqui). Imperdível. 

Detalhe de Dançarina, 1880. Impossível escolher a bailarina mais bela de Degas ♥
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