Que eu amo a cultura oriental vocês já estão cansados de saber, mas não sei se já tiveram o privilégio de conhecer o trabalho da incrível autora Lisa Bresner. Ela, que nasceu na França e desde pequena tinha o sonho de morar na China, aprendeu o idioma chinês ainda na adolescência. Depois de adulta, Lisa dedicou-se a livros que falam de uma terra toda particular, imaginada, sonhada e vivenciada. Uniu-se então a grandes nomes da ilustração e da caligrafia e criou uma coleção especial que a Companhia das Letrinhas lançou no Brasil. Infelizmente, Lisa Bresner nos deixou em 2007, mas os seus sonhos protagonizados por crianças intrépidas e curiosas permanecem por aqui, firmes e fortes. 

O livro do dia desperta o amor pela cultura e escrita chinesas, introduzindo-nos na beleza das pinceladas que formam os tão famosos ideogramas. Tang é um menino que está triste porque não sabe sonhar. Deitado em sua cama, ele fecha os olhos e de repente enxerga a Grande Muralha. Subindo a escadaria, encontra um guarda vestido de plumas e folhas. O guarda lhe diz que, no final da Grande Muralha, encontrará o seu sonho de todas as noites. Mas antes disso terá que aprender as palavras secretas do sonho. Entra em cena o primeiro ideograma da história. Além da impressão destacada em tinta vermelha, podemos acompanhar o passo-a-passo para escrevê-lo corretamente. A partir da inserção deste primeiro ideograma, que significa voar, a palavra em português some do texto. Sempre que uma palavra é citada, vemos o lindo ideograma que o representa. E assim acontece com vinte palavras. No final do livro você terá se tornado um craque na leitura dos ideogramas chineses. Uma ideia brilhante! 

Para encontrar o seu sonho de todas as noites, Tang viajará através da China. A travessia da Muralha revela muitos guardas ornamentados, possuidores das palavras secretas. Eles lhe indicam o palácio do rei, que seria o único capaz de mandá-lo de volta para casa. O menino segue então para o leste, encontrando magnólias, templos de madeira e touceiras de bambu pelo caminho. Logo arruma um companheiro de viagem, um macaco de pelagem dourada chamado Pêlo de Sol. Tang investiga o desaparecimento do rei, e o espirituoso macaco lhe ensina mais algumas palavras do sonho. 

É preciso dizer que as ilustrações de Frédérick Mansot captam todo o espírito da aventura, com lindos padrões imitando tecidos e texturas de pele. Pêlo de Sol realmente cintila, as plumas da ave a tornam ainda mais magnífica e as escamas do dragão (sim, temos um dragão na história, iupi!!!) são tão verdes que ele parece vivo de verdade. Mas antes de chegarmos ao dragão, ainda teremos peripécias a viver no sul e no oeste. No final do livro, textos simpáticos sobre a pronúncia dos ideogramas e a arte da caligrafia. Mais completo impossível. Se você ama a cultura do Oriente e quer desvendá-la, eis um belo início.