Nossa, sei que parece bastante coisa escrever sobre 365 livros, mas os dias vão passando e ainda tem tantos, mas tantos livros e autores sensacionais para compartilhar! Que bom, né? Por outro lado, temo que não consiga dar o espaço adequado a todos os meus queridos escritores e artistas. Mas sigo tentando. E hoje é dia do adorado Manoel de Barros (pretendo escrever mais e mais sobre poesia, amo, adoro, não vivo sem ela!). 

Manoel de Barros é um poeta mato-grossense, com bem vividos 95 anos. Em sua poesia de rara beleza onírica, o poder das palavras e da natureza são exaltados ao extremo, em contraponto às sucatas criadas pelo homem. Aqui temos os seus já conhecidos poemas em versão ilustrada - as lindas iluminuras são obras da filha de Manoel, Martha de Barros. 

São pequenas joias nas quais há o estranhamento da criança frente a força da natureza ou a dureza do mundo adulto, caso por exemplo do poema Lacraia, no qual o menino poeta compara o inseto com um vagão de trem. É claro que a lacraia sai ganhando pois um trem é uma “geringonça fabricada pelo homem, sem alma”. Em Fraseador, o menino decide que não quer ser doutor e sim fraseador, mas sua ambição é podada pelo irmão mais velho que o questiona se o tal fraseador “bota mantimento em casa”. 

Tem o menino que ganha um rio de presente de aniversário e desperta o ciúme do irmão, que acaba ganhando uma árvore coberta de pássaros. Este poema, O menino que ganhou um rio, é um de meus preferidos, ao lado de Sobre sucatas, no qual o menino do interior (acostumado a fabricar seus próprios brinquedos, inclusive na imaginação), vai parar na cidade grande onde não consegue enxergar beleza – “não vi nenhuma coisa mais bonita na cidade do que um passarinho”. E eu sinceramente vi poucas coisas tão bonitas na vida quanto um poema de Manoel de Barros. Amo pra sempre! 

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