Há livros que me fazem pensar em pessoas específicas. Isso acontece o tempo todo. Uma pessoa querida ama determinado livro e, à partir de então, a obra passa a ter a “cara” dela. Ou então, um livro que faz parte da história da vida de um amigo, da minha vida ao lado desta pessoa. Agora, que vivo fisicamente distante da maioria de meus amigos, é mais gostoso ainda abraçar um livro e pensar no significado dele para alguém. 

Os meninos da Rua Paulo é o livro da minha adorada amiga Patrícia, e hoje é aniversário dela. Parabéns, Paty! Então, cá estou eu para conversar com vocês sobre esta obra tão importante. A história se concentra num aparentemente simples terreno baldio, na cidade de Budapeste, Hungria, no final do século XIX. Mas esse terreno baldio significa um mundo de liberdade para um grupo de meninos, sua verdadeira terra (“grund”, em húngaro). 

Os garotos da Sociedade do Betume (esse era o nome e o símbolo do grupo e eles tinham de mastigar betume o tempo todo para mantê-lo umedecido – tarefa de honra) defendiam seu território com unhas e dentes, pois aquele era o único lugar que possuíam para brincar e jogar péla. Mas a aventura realmente começa quando um grupo rival, os camisas vermelhas, decide tomar posse do grund, e declara guerra aos nossos já queridos amigos. 

Repleto de tensão e emoção, com pitadas de tristeza e melancolia, heroísmo, traição, solidariedade e um dos finais mais surpreendentes de todos os tempos, o livro nos transporta a uma infância que poderia ter sido nossa. É impossível não sentir-se amigo íntimo dos meninos, eu pelo menos não tenho nenhuma dificuldade de me colocar ao lado do corajoso János Boka na batalha. Ou de tentar proteger o pobre e delicado Nemecsek. Uma obra magnífica que me uniu a uma pessoa não menos espetacular. E que certamente despertará a amizade e o carinho em infinitos corações.