Sanderson Soneca é um nome doce e risonho, que faz jus ao personagem, ao subtítulo original e nos ajuda a diferenciar a saga dos Guardiões da Infância da igualmente excelente série de quadrinhos escrita por Neil Gaiman. Quando eu falo sobre William Joyce, sei que pareço aquelas fãs loucas, mas tentarei me conter ao máximo para não assustar vocês, hahaha. Para mim, a paixão começou com o genial curta Os Fantásticos Livros Voadores de Mr. Morris Lessmore, depois migrou para os livros e voltou para os filmes (leia mais aqui). O livro do dia traz o meu personagem favorito dos Guardiões, o gentil e amoroso Sandman, ou Sandy. 

“É claro que você conhece os Guardiões da Infância. Você os conhece desde os primórdios de suas lembranças e vai se lembrar deles até que suas memórias se percam”. Como lemos no livro anterior, o Homem da Lua foi o primeiro guardião e encontrou todos os outros. Ele é o protetor das crianças da Terra, com sua intensa luz noturna a proteger o sono dos pequeninos. Mas nem sempre a lua estava cheia ou brilhante, e ele precisava de ajuda urgentemente. Com o seu telescópio, encontrou um rosto conhecido, um rosto amigo para o qual fizera um pedido há muito, muito tempo atrás. 

Na Era de Ouro, Sandy pilotava uma estrela cadente, e quem a visse poderia fazer um pedido. Sandman enviava então um sonho para ajudar essa criança a realizar o desejo, “pois um desejo sempre começa com um sonho”. Mas, assim como o Homem da Lua, Sandy foi atacado por Breu, o Rei dos Pesadelos, e seus Piratas dos Sonhos. Sandman conseguiu fugir de seus captores, mas perdeu o controle da estrela e caiu em direção à Terra. Ele ouvia os pedidos das crianças, e conseguiu desviar para os oceanos, para não ferir nenhuma delas. Quando estava prestes a afundar na escuridão, ouviu um pedido distante, um pedido de uma alma doce que desejava apenas o bem do próprio Sandy. Então ele fechou os olhos e sonhou que tudo ficaria bem (pausa de estupefação para admirar a ilustração mais linda de todos os tempos, de página dupla: Sandman sonhando).

Houve um impacto, mas tudo ficou bem. A estrela se transformou numa espécie de ilha de areia, com muitas dunas, e no centro o leito reluzente onde dormia Sandman. Seu sono era profundo. As criaturas do mar, como as conchas, as sereias e as tartarugas marinhas, vieram espiá-lo – todos estavam encantados com a sua Areia dos Sonhos. Sandy dormiu e dormiu. E continuou a dormir por dez mil noites. Numa bela noite enluarada, o Homem de Areia ouviu uma voz, que pedia: “Desejo que você possa ajudar”. Finalmente acordado, ele viu o Homem da Lua, que queria sua ajuda nas noites mais escuras. Sandy se comprometeu a ajudar, mas não sabia por onde começar. 

As amigas tartarugas vieram em seu auxílio, assim como as conchas do mar. Algumas tartarugas haviam pertencido a crianças e conheciam o seu medo do escuro. Já as conchas ouviam sussurros de alegrias e tristezas. Sandman sabia que teria de enfrentar novamente os seus velhos inimigos, e ficou com medo. E perdeu o sono. Sem sono, não há sonhos: Sandy estava desolado. Mas as lindas sereias o acalmaram, e ele dormiu novamente. Sonhou que ajudava todas as crianças da Terra. Enquanto isso, sua ilha se transformava num extraordinário castelo de areia. Do castelo saía uma nuvem e em cima dela estava montado Sandy. Com alegria renovada, ele visitou cada criança da Terra e expulsou todos os pesadelos que encontrou pelo caminho. E foi assim que nasceu Sua Magnificência Noturna, Sanderson Soneca, Sandman Primeiro, Altíssimo Senhor Protetor de Sonos e Sonhos. Que ele continue cuidando de todos nós, hoje e sempre ♥♥♥♥♥