Livro do dia: O fantasma de Canterville

Livro do dia: O fantasma de Canterville

Posted by Kátia

Hoje é o Dia do Escritor e vocês não imaginam a dificuldade que foi chegar ao livro do dia. Tenho muitos escritores favoritos, aliás todo mundo que ama livros deve ter pelo menos uma centena daqueles que moram no coração. Eu cogitei alguma coisa de literatura japonesa, pois é a minha preferida, depois passei para a brasileira onde reina absoluto o grande Erico Verissimo. Mas já tinha falado sobre um livro dele há pouco tempo (aqui) e nada mais justo que apresentar a vocês um escritor ainda inédito por aqui. E quando penso em favorito, número um, amor da minha vida, o nome dele está na ponta da língua: Oscar Wilde. 

A maioria das pessoas o conhece pelo único romance que escreveu, O retrato de Dorian Gray, mas eu, ainda pré-adolescente tive a sorte de começar com seus contos, tão lindos e poéticos que me faziam sonhar. O primeiro que li e me transformou em fã apaixonada foi O aniversário da infanta, que infelizmente não possui versão ilustrada em português, tendo sido lançado juntamente com outros (ótimos) contos do mestre. Porém, logo em seguida, deparei-me com O Fantasma de Canterville e, sempre fascinada por histórias de horror, corri para ler a obra. Sim, é um conto sobrenatural, mas vai muito além do que eu imaginava, porque também é divertidíssimo, daqueles que arrancam gargalhadas. Foi uma incrível surpresa. 

O Fantasma de Canterville foi originalmente publicado em 1887 e depois apareceu num volume de contos intitulado O Crime de Lorde Arthur Saville e outras histórias, no ano de 1891. A história é ambientada na mansão Canterville, para onde muda-se o embaixador americano Sr. Otis e sua família: a esposa, o filho mais velho Washington, a adorável adolescente Virginia e os intrépidos gêmeos caçulas. Antes da efetiva mudança, eles são avisados pelo antigo proprietário de que um terrível fantasma assombrava o local, mas nenhum dos membros da família parece importar-se com isso. 

Os risos já começam na primeira aparição do fantasma (que seria Simon de Canterville, acusado de assassinar a esposa na casa pelos idos de 1565). Acordado de madrugada por um barulho ensurdecedor de correntes arrastadas, o senhor Otis oferece ao fantasma uma garrafinha de lubrificante a fim de eliminar o ruído. Chocado com a ousadia do novo morador, o fantasma faz planos mirabolantes para aterrorizar cada membro da família, utilizando inclusive os mais diversos e originais disfarces, como, por exemplo, “Rupert, o Temerário ou o Conde sem Cabeça” e também “O Monge Vampiro ou o Barão Exangue”. 

Mas uma a uma, suas tentativas são frustradas não somente pelo pai da família, mas especialmente pelos gêmeos, que pregam peças e criam armadilhas fantásticas para derrotar o invasor. Com o tempo, o fantasma perde totalmente sua credibilidade, entra em desespero e somente uma donzela que está sempre acompanhada do Amor (quem será?) poderá colocar fim ao seu sofrimento. Perfeito, do começo ao fim. 

O fantasma de Canterville
Autor: Oscar Wilde
Ilustradora: Lisbeth Zwerger
Editora: Berlendis e Vertecchia
Temas: Histórias de arrepiar; Humor
Faixa etária: À partir de 12 anos 

Leia também: Agora que eu comecei a falar sobre Oscar Wilde quero ver alguém me deter, hahahaha. Bem, como disse acima é bem comum que a maioria dos jovens se inicie na leitura de Wilde com Dorian Gray. É claro que jamais recomendaria um livro de temática tão complexa para crianças, mas a versão traduzida e adaptada por Clarice Lispector de O retrato de Dorian Gray (Ediouro) certamente irá agradar aos adolescentes. Sem entrar muito nos detalhes da trama, aqui encontramos o jovem Dorian Gray - obcecado por sua beleza e juventude - mergulhando num mundo de corrupção ao lado de Lorde Henry Wotton. Com todo o sarcasmo a que Wilde tem direito. Simplesmente genial.

Cena da peça O Fantasma de Canterville [Fonte: London Children's Ballet]
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