Livro do dia: Toda Mafalda

Livro do dia: Toda Mafalda

Posted by Kátia

Hoje é o Dia Internacional de Ler Quadrinhos em Público e a Bruxaka escolheu a Mafalda, brilhante opção, e lá fomos nós para uma tarde deliciosa de leitura. Mas antes de entrarmos no mérito da Mafalda, preciso falar sobre a importância desta data. O evento mundial de ler quadrinhos em público foi criado como uma forma de popularizar as hqs entre pessoas de todas as idades e gostos. Quadrinhos não são coisas exclusivas de criança, quadrinhos não são apenas histórias de super-heróis ou de fantasia.  

A data escolhida foi 23 de agosto justamente por causa do aniversário de Jack Kirby (1917-1994), um artista quase mitológico no mundo dos quadrinhos, que atuou na criação de Hulk, Thor, Homem de Ferro, Quarteto Fantástico, Surfista Prateado e Magneto (um dos meus personagens preferidos, amo!), entre outros. Hail to the master! 

Mas, como eu disse anteriormente, o universo dos quadrinhos é vasto demais, e nós escolhemos a Mafalda para provar isso. Admito que será muito complicado falar sobre essa pequenina fabulosa, ela é tão complexa e sensacional, mas me esforçarei ao máximo. Porque a Mafalda é uma criança, mas a leitura de suas tirinhas encanta a todos, eu diria que especialmente os jovens e os adultos. São sacadas inteligentíssimas que englobam temas como política internacional, condição feminina, autoritarismo e direitos humanos. E, claro, toda a sorte de questionamentos sociais, coisa que o argentino Quino, “pai” da Mafalda foi buscar lá nos Peanuts de Charles Schultz (esse gênio inspira gênios, leia mais aqui). 

Enfim, Mafalda é uma garotinha que compara sopa (ou “porcaria repugnante”, no que eu concordo totalmente, também odeio sooa!) com um palavrão, é considerada um animal raro por não ter televisão em casa e se autoelege a presidente da turma. Suas perguntas incessantes deixam os pais tensos e por vezes deprimidos. Para evitar a fadiga mental e eventualmente um desmaio, os dois vivem à base do tal de Nervocalm. Seus melhores amigos são Manolito, que acredita no capitalismo acima de tudo, e Filipe, o oposto de Manolito, idealista, sonhador e apaixonado por Mafalda. Todos convivem bem com as respectivas diferenças de personalidade: o mundo infantil pratica o respeito, ainda que haja contestação. Ambientada nos anos 60, a tirinha ficou famosa justamente por causa do tom de inconformismo dos personagens, especialmente de Mafalda, claro. 

Ela não entende porque as pessoas se interessam mais pelas novelas na tv do que pelos problemas no Vietnã (enquanto o pai chora por causa das formigas nas plantas, ela lhe mostra o que é realmente uma tragédia), é  exageradamente sincera (“hoje aprendi que a verdade decepciona as pessoas”) e está desgostosa com o mundo (“já que há mundos mais evoluídos porque eu tive que nascer justo neste”? ou “surpreendente é haver vida neste planeta!). Ao mesmo tempo é tão adorável que acorda com um “Bom dia, mundo! Bom dia gente boa de toda Terra! (Mas é claro que ela cumprimenta a gente má do planeta mostrando a língua). Maravilhosa. Insuperável. Amor para a vida inteira. 

Toda Mafalda
Autor/ilustrador: Quino
Editora: Martins
Temas: Universo infantil; Quadrinhos
Faixa etária: À partir de 10 anos

Conheça também: Sim, hoje é o aniversário dele, então é claro que vou indicar Hand of Fire: The Comics Art of Jack Kirby (Univesity Press of Mississipi), que fala sobre as várias fases da carreira do artista e reproduz muitos de seus desenhos, claro!

Bruxaka apressando a foto para poder ler todinha Mafalda ♥
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