Livro do dia: Danny, o campeão do mundo

Livro do dia: Danny, o campeão do mundo

Posted by Kátia

Hoje é um dos dias mais importantes do ano para mim: o aniversário daquele que me ensinou a sonhar, meu amado papai Giuseppe. Parabéns, meu querido muso inspirador! Enfim, são muitos os livros soberbos que tratam da relação entre pai e filho e desta vez escolhi uma história bem maluca, escrita pela lenda que mais marcou a minha infância: Roald Dahl (leia mais aqui e aqui). Meu pai também é maluquinho, portanto tenho certeza de que aprovará a seleção. A história, escrita nos anos 1970 começa com o menino Danny aos cinco anos de idade, enumerando as qualidades que fazem do pai o seu herói particular. 

Em primeiro lugar, e acima de tudo, ele era um pai que sorria com os olhos (o meu sabe sorrir com os olhos, mas é expert mesmo na arte das gargalhadas). Isso enchia o menino de orgulho, porque é impossível o brilho no olhar se a pessoa não está brilhando. Sorrisos com a boca podem ser fingidos, mas os legítimos sempre vêm acompanhados por um sorriso com os olhos. Para a felicidade de Danny, o pai William também era um contador de histórias mirabolantes, daquelas que podem durar dias, semanas, meses ou a vida inteira. Aliás, é numa destas geniais histórias que surge o célebre personagem Gigante Amistoso (ou BGA, Bom Gigante Amigo), um tecelão de sonhos lúcidos que em 1982 ganhou o seu livro-solo. 

William não hesitara diante das adversidades e criara o pequeno Danny sozinho em sua oficina mecânica. Além de treinar o filho no ofício, ele se dedica à construção de um elo inquebrável com o garoto através de brincadeiras e divagações sobre a vida e a natureza. Ao falar sobre o pai, é possível sentir a emoção nas palvras de Danny e confesso que sorri ao me lembrar de tudo o que meu pai me ensinou. Danny vai crescendo e junto com o pai constrói pipas, balões, perna-de-pau, arco-e-flecha, bumerangue e, o mais incrível em minha opinião, uma casa na árvore. Já Danny gostou mais de seu presente de oito anos, o Sabãorro, um tipo de carro feito com caixas de sabão e rodas de bicicleta. 

Aos nove anos, um choque: Danny descobre que o pai guardava um obscuro segredo. William herdara de seu próprio pai o talento e o gosto pela caça clandestina. Funcionava mais ou menos assim: eles invadiam bosques particulares e caçavam faisões utilizando técnicas ninjas e secretíssimas! Enquanto na Inglaterra pós-guerra muitas famílias passavam fome, os bosques estavam repletos de faisões engordados apenas para servir de passatempo para ricaços entediados. A sociedade dos caçadores clandestinos era antiga e numerosa e toda criança estreava como parte do “time” lá pelos dez anos de idade. À princípio relutante, Danny logo segue os passos do pai dentro do bosque do senhor Victor Hazell, um indigesto milionário que vive com o único intuito de promover a sua grande caçada anual. Ah, as maravilhas de ler um livro que foge das chatices do politicamente correto! 

Impossível não torcer e vibrar com as peripécias de pai e filho que desenvolvem juntos uma novíssima armadilha para ser somada às já clássicas “Pêlo de cavalo paralisante” e “O chapéu grudento”. A arma secreta terá papel fundamental no plano mais ambicioso já armado por um caçador clandestino! Mais eu não posso contar. Destaque também para o hilário personagem Doutor Spencer, um especialista na captura de trutas à base de cócegas. Como diz Roald Dahl no final do livro, “um pai convencional não tem graça nenhuma”. Eu, que tive e tenho o pai mais criativo do mundo concordo completamente. E se você também já viveu aventuras malucas com o seu pai, este é o livro perfeito para você. 

(E de novo: Feliz aniversário, pai!!!) 

Danny, o campeão do mundo
Autor: Roald Dahl
Ilustradora: Cláudia Scatamacchia
Editora: Martins
Temas: Família; Amor e amizade; Aventura
Faixa etária: À partir de 07 anos 
 
Leia também: Meu pai é um apaixonado por bichos, especialmente gatos e corujas e por isso dedico a ele Wesley – A incrível história de amizade entre uma garota e sua coruja (Editora Globo). Aqui conhecemos a real história da bióloga Stacey, que salvou a coruja Wesley aos quatro dias de vida e com ela estabeleceu uma longa relação de carinho, aprendizado e respeito mútuo.

Te amo, pai!!! [Ilustração de Carol Thompson]
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