Lasar Segall nasceu em 1891 na região de Vilna, então Rússia. As florestas faziam parte do dia a dia dos moradores, com carvalhos e olmos espalhados por extensos bosques dos quais boa parte da população tirava seu sustento. O jovem Segall, que sempre almejara ser pintor, começou como estrangeiro na Alemanha, em 1906. Desiludido com a Europa do pós-guerra, transfere-se para o Brasil na década de 1920. 

O artista, que já expusera seus trabalhos aqui em 1913, logo torna-se amigo de grandes nomes das artes e letras brasileiras como Mário e Oswald de Andrade. Estabelecido em São Paulo, constitui família. Doze anos depois conhece a Serra da Mantiqueira, mais precisamente a deslumbrante região de Campos do Jordão, que influenciaria a obra do artista, com suas montanhas e araucárias. Quando faleceu, em 1957, Segall pintava uma grande série de florestas. Mesmo depois de sua morte, seus quadros continuaram a viajar pelo mundo inteiro. 

No livro do dia, inspirado livremente na vida de Segall – o poema de Alberto Martins tomou como base as magníficas aquarelas e guaches do artista - um estrangeiro chega numa terra estranha, onde sequer podia dar bom dia às pessoas por conta das diferenças entre as línguas. Nas ruas depara-se com rostos neutros, caras viradas, e por isso passa os dias trancado em seu quartinho. 

Então, num belo dia, o estrangeiro descobre a floresta e sua profusão de cores e sons. E um desfile surge de repente (o estrangeiro até pensa que está num set de filmagem tamanha a diversidade do lugar): um elefante tocando atabaque e três homens da cor do chocolate, antílopes galopantes, borboletas, gnus, macacos. Ali, tudo era alegria, não fazia diferença se você fosse bicho-gente ou bicho-animal. E assim como a floresta adota o estrangeiro, o Brasil adotou Lasar Segall. Bela homenagem a um dos “nossos” maiores artistas.