Falei anteriormente aqui e aqui sobre o meu caso de amor com a Série Vaga-Lume da editora Ática. São volumes incríveis que encheram a minha cabeça de ideias na infância e na adolescência. Muitos mistérios, crimes, dramas, aventuras, eu me imaginava como uma cúmplice, uma aliada daqueles heróis que na maioria das vezes eram crianças como eu. Uma criança comum a enfrentar os males do mundo. Lindas e inocentes recordações. 

Confesso que fiquei um bom punhado de anos sem ler O caso da borboleta Atíria, mas isso mudou no ano de 2000, quando conheci a minha alma gêmea literária, parceira de cinefilia e amiga-para-toda-vida Paty. Numa de nossas conversas sem fim, ela me contou da paixão pela Atíria e todos aqueles bons sentimentos da infância voltaram de uma vez. Tive que comprar o livro imediatamente e relê-lo de uma sentada só. Nós duas temos esperança de que num belo dia alguém faça uma animação baseada na história. De preferência em stop motion. 

O livro do dia conta as aventuras de Atíria, linda borboleta amarela com raias pretas que nasce com um desvio nas asas e por isso se locomove com certa dificuldade. Mas não pense que isso a impede de se meter em confusões! Atíria vive com sua mãe adotiva Jitiranaboia (um inseto parente da cigarra) num tronco de jacarandá na Alameda dos Pinheiros e tem como amigos o gozador Louva-a-deus e o príncipe Grilo. Com a ajuda de duas borboletas-detetives, Grilo investiga o misterioso assassinato de sua noiva Helicônia. Atíria sempre ouve histórias sobre criaturas assustadoras que vivem no bosque. Descuidada, acaba se perdendo de casa e terá que contar com a sorte e a astúcia para sobreviver a um enxame de personagens bizarros que cruzarão seu caminho. 

Além de emocionante, Atíria é um livro muito educativo, uma verdadeira aula de entomologia. A descrição dos bichos que habitam o bosque é sensacional, não tem como não temer o Touro Voador, besouro gigante terrível de chifres pontiagudos. E o Arlequim-da-mata, então? Perigosíssimo escaravelho-bandoleiro de corpo chitado de vermelho, preto e branco. Mas é claro que há espaço para a beleza, e através da leitura, pude conhecer a linda Morfo Menelau, borboleta esplêndida de um azul vivo que brilha como lamê. A Catagrama, com suas asas negras veludosas, enfeitadas de vermelho e azul. E tantas outras maravilhas que você só pode descobrir de uma maneira: acompanhando a graciosa Atíria nas suas andanças pelo bosque. Bom passeio!