Numa aldeia cinzenta e triste, esquecida pelo mundo, vivem alguns poucos adultos nostálgicos pelo tempo em que os animais habitavam o lugar. É isso mesmo que você está lendo, nesta aldeia não existia animal algum, fosse cachorro, gato, pássaro, peixe, pulga ou minhoca. Então esses raros adultos suspiravam de saudade, mas a maioria dos moradores da aldeia simplesmente se recusava a falar sobre isso. 

As crianças, pobres coitadas, seguiam o exemplo dos pais, negando tudo, calando, se resignando. A professora Emanuela, que amava os bichos, ainda insistia com as crianças, mostrando desenhos e imitando os sons dos animais, mas muitos a ridicularizavam. Entre seus alunos, o menino Nimi era um dos que a ouvia com a maior atenção. Ele sonhava com os animais perdidos, animais que ele nunca vira ou tivera o menor contato. Ele sonhava que seus sapatos transformavam-se ouriços ou que morcegos o levavam para voos noturnos. Então um dia ele atravessa o bosque (algo expressamente proibido) e volta totalmente mudado. 

Rejeitado pelos colegas de escola, pelos vizinhos e até por sua família, Nimi passa a comunicar-se exclusivamente por relinchos e decide vagar sem rumo pela aldeia, ora instalado no alto de uma árvore, ora correndo à noite entre as casas devidamente trancadas. Tudo o que se sabe sobre os animais é que uma noite veio Nehi, o demônio das montanhas, e levou-os todos com ele. 

Mas, além de Nimi, há duas outras crianças que acreditam na existência dos animais e que escondem um segredo que nenhuma criança deveria saber. Maia e Mati, amigos inseparáveis, irão desafiar as leis da aldeia e atravessar para o outro lado, na esperança de descobrir o que realmente aconteceu com os animais. Sinceramente, eu só tenho uma reclamação a fazer sobre o livro: ele termina rápido demais! Li de uma sentada só e fiquei tristonha quanto acabou. Delícia de leitura!!!