Livro do dia: Josephine na era do jazz

Livro do dia: Josephine na era do jazz

Posted by Kátia

O mês de abril se despede com a comemoração do Dia Internacional do Jazz. Foi um mês de pura diversão, com muitas datas importantes do mundo do livro e outras feitas apenas para nos deixar com um enorme sorriso no rosto. Que venha então maio, mês das mães e das noivas. Para fechar esse capítulo com chave de ouro, contamos a história de uma figura feminina muito icônica e poderosa, que venceu o racismo e se tornou uma das artistas mais importantes do início do século XX. Num ritmo musical e colorido conhecemos a trajetória de superação de Josephine Baker, com ilustrações que saltam aos olhos e dançam através das páginas. É a própria personalidade vibrante e arrojada de Josephine que vemos impressa nas páginas do livro, um primor de edição que merece toda a nossa admiração. 

Enfim, vamos à história. A dançarina e cantora Josephine Baker nasceu em Saint Loius, Missouri, Estados Unidos. Ainda muito pequena, deu-se conta de duas coisas: a cor da sua pele parecia ser um problema para algumas pessoas (desprezíveis), que chegaram inclusive a incendiar o casebre de sua família. Por outro lado, era óbvio que nascera com o dom para as artes cênicas. Pobre, passou os anos de infância trabalhando como artista de rua, onde desenvolveu um estilo muito peculiar de show que consistia em caretas e imitações. Sim, ela queria ser notada. Sim, ela se imporia a qualquer custo. As pessoas ficavam loucas com os seus espetáculos e ela logo viajou pelo país com uma banda de teatro mambembe. Mas não pensem que a vida dela ficou mais fácil, muito pelo contrário. 

O blues (tanto o ritmo quanto a expressão de tristeza) a seguiu até Nova York onde passou fome e dormiu num banco do Central Park. E quando finalmente conseguiu um emprego, foi exposta a novas humilhações. Por causa de seu humor nato e do estilo de performance vigente na época, Josephine foi contratada para atuar como “blackface”. A artista tinha o rosto pintado de preto e a boca e o seu contorno exagerados eram pintados de branco, numa caricatura absurda das pessoas de pele negra. Os brancos que a assistiam diziam-se seus fãs, mas aquilo soava como um insulto tremendo para Josephine. E como não seria? Foi então que se mudou de vez para a França, onde virou lenda. O ano era o de 1925 e as bandas de jazz americanas floresciam para o mundo. Com um corte de cabelo ousado e uma alma musical nunca antes vista, Josephine deixou os franceses sem palavras! Bum dum dum dim dum! Mexe mexe remexe. 

A maravilhosa Josephine dominava todos os estilos de dança do jazz, como o shake, o shimmy e o mess around e, claro, ela também cantava! O estrelato finalmente chegou – e chegou do jeito que ela queria e merecia! -  e Miss Baker soube aproveitar como uma diva os seus anos de glória. Olha só que curioso, ela tinha até uma cheetah (ou guepardo) de estimação, a Chiquita, com a qual desfilava pra cima e pra baixo. Mas essa grande mulher não estava interessada em ostentação. Quando as apresentações diminuíram, Josephine adotou doze crianças de diversas nacionalidades e etnias e as chamou carinhosamente de “Tribo arco-íris”. Ela também lutou contra o racismo e pela emancipação dos negros, apoiando, inclusive, o Movimento dos Direitos Civis de Martin Luther King. Uma mulher e tanto. Uma eterna menina do Alabama. A “Pretty Little Baby”. 

Josephine na era do jazz
Autor: Jonah Winter
Ilustradora: Marjorie Priceman
Editora: Martins Fontes
Temas: Preconceito e tolerância; Música
Faixa etária: A partir de 10 anos 
 
Leia também: “Poem in Your Pocket Day” é um dia para você escrever um poema num papelzinho, colocá-lo no bolso e sair recitando por aí – ou se você for tímido como eu, pode escrever vários poemas e distribuir na rua, no ônibus, na escola, onde quer que vá. E porque nós não perdemos nenhuma data legal, a dica é Criança Poeta (Ed. Do Brasil) que tem quadras, cordéis e limeriques para todos os gostos, impossível seus “ouvintes” não curtirem.

Blue moon, I'm no longer alone... [Ilustração de Nancy Tillman]

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