O autor Craig Thompson teve uma infância e uma adolescência particularmente difíceis. Criado no clima gélido do Meio Oeste americano, em Wisconsin, filho mais velho de uma família conservadora, Craig sentia-se perdido, deslocado, e sofria bullying constantemente na escola. Em casa, o ambiente (longe de ser violento) também era opressivo, dominado pela mãe religiosa, o pai rigoroso e dividido com o irmãozinho Phil, de quem sentia-se distante. 

Aqui Craig Thompson nos conta sua história lindamente, através de desenhos que falam muito com o leitor na forma de quadrinhos. Desde sempre, o refúgio de Craig foi a arte. Ele passava dias inteiros desenhando, às vezes ao lado do irmão, e esses foram os únicos momentos da infância em que, acordado, sentia que a vida era sagrada ou que valia a pena. À noite, em seus sonhos, ele também se libertava, e vivia grandes aventuras pelo mundo afora. 

A imposição religiosa por parte de sua família, no entanto, deixa-o com sérias dúvidas quanto a seu futuro como artista. O temor a Deus era intenso e o sufocava, e ainda fez com que destruísse boa parte de seus lindos desenhos. Na igreja, o pastor o pressionava para que ingressasse no seminário e a escolinha dominical não trazia alento algum. Mas foi justamente num evento de cunho religioso que sua vida tomou novo fôlego. 

Na época de Natal, os jovens participavam de um acampamento de inverno da igreja, durante uma semana, e foi lá que Craig conheceu Raina. Jovem inquieta e impulsiva, de atitudes sempre surpreendentes e alma poética, Raina era o oposto de Craig. A relação de ambos intensifica-se depois do acampamento, e através de cartas eles constroem um lindo sentimento. A convivência com a garota faz com que sua visão sobre a família, a igreja e o futuro tão incerto alcance um novo patamar e, inspirado pela musa e pela arte, Craig vive uma história de amor única. Um romance extraordinário, que já li quatro vezes, e que faz parte da minha vida. Lindo demais!