Livro do dia: A velhinha que dava nome às coisas

Livro do dia: A velhinha que dava nome às coisas

Posted by Kátia

No Dia Mundial dos Animais, falaremos sobre amor, claro, mas também sobre perda e reconquista. A velhinha que dava nome às coisas só queria aplacar a solidão. Não tinha mais amigos ou familiares, todos já haviam morrido. Ela sonhava em receber uma carta pelo correio, de qualquer pessoa, até de um desconhecido, mas na sua caixa de correspondência só chegavam contas e mais contas. Era uma pessoa serena, com certeza, mas sentia falta de papear e sorrir. Por isso ela inventou nomes e personalidades para seus objetos mais queridos. 

A velha poltrona era Frida, o carro, Beto, a cama ela chamava de Belinha e a casa, de Glória. Mas ela só dava nome às coisas que sabia que durariam mais do que ela. Isso a tranquilizava. Um belo dia, porém, a velhinha estava lavando a lama de Beto e um cachorrinho marrom apareceu em seu jardim. Ela não podia negar: era um cachorro adorável, que abanava o rabo simpaticamente e que parecia doido de fome. A velhinha pensou por um instante, então foi até a geladeira e trouxe um belo pedaço de presunto para ele. O bichinho ficou maravilhado, mas ela logo o mandou embora. Contou-lhe que Beto fazia os cachorros passarem mal, que Frida não permitia que nenhum cão sentasse nela e que Belinha não comportava um adulto mais um cão. E Glória não suportava pêlo de cachorro. 

Ele foi embora, mas voltou no dia seguinte, todo faceiro. A velhinha bem que tentou enxotá-lo, mas sabia que o pobre animal ainda estava faminto. Ela o alimentou e depois se despediu dele. Entretanto, naquela noite, pouco antes de dormir, a velhinha deu-se conta de que só pensava no cachorrinho e no quanto ele era fofinho. Não, ele não podia ficar. Porque se ficasse, ela teria de dar um nome a ele. Talvez ela própria durasse mais do que o cachorro e isso não podia suportar. Ela não queria viver mais do que qualquer outro amigo. 

Durante meses, o cachorrinho a visitou diariamente. Ele cresceu, tornou-se adulto, mas ainda era um cachorro sem nome. Como não tinha nome, ela não se preocupava em sobreviver a ele, e se achava muito esperta por conta disso. Mas, assim como veio, o cachorro sem nome desapareceu. Ele não foi visitá-la num dia. E nem no outro. Preocupada, a velhinha saiu com o carro Beto à procura do cão. Não o encontrou, e sua tristeza era infinita. Ela tentou ligar para o canil, mas não tinha como identificar o cachorro. Ele não possuía uma coleira com seu nome. Então ela tomou uma decisão: iria pessoalmente ao canil da cidade. 

Lá chegando, foi indagada: Qual é o nome do cachorro? A velhinha parou para refletir. Lembrou-se dos amados amigos que já haviam partido. Viu seus rostos, balbuciou seus nomes e pensou em como tivera sorte por ter conhecido aqueles seres humanos. “O nome do meu cachorro é Sortudo”. O encarregado do canil a levou até os animais e, ao som de sua voz esperançosa, Sortudo veio correndo. Daquele dia em diante, a velhinha e Sortudo não se separaram mais. Ela ficou admirada ao perceber que Sortudo adorava passear com Beto e nunca se sentia mal. Frida também parece não ter se incomodado com o cachorro sentando nela. E Glória não ligou para os pêlos dele. E todas as noites Belinha se esticava bastante para abraçar a velhinha...e um cachorro marrom muuuuuito Sortudo. Apaixonante e emocionante, para se debulhar em lágrimas. 

A velhinha que dava nome às coisas
Autora: Cynthia Rylant
Ilustradora: Kathryn Brown
Editora: Brinque-Book
Temas: Amor; Superação
Faixa etária: A partir de 07 anos 
 
Acesse também: Ainda que haja uma infinidade de livros e filmes sobre animais que eu amo demais, a dica de hoje é o criativo Animalarium (logo ali nos Links Legais), um site de literatura infantil especializado em livros com ilustrações de animais. Dá passar horas e mais horas mergulhado neste reino mágico. Deslumbrante é pouco!

Uma amizade para toda a vida. Feliz Dia dos Animais!!!
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