Kate DiCamillo escreveu pelo menos cinco dos meus livros preferidos e O elefante do mágico é um deles. Ambientado no final do século XIX na fictícia cidade de Baltese, o livro do dia conta a história do tristonho garoto Peter Augustus Duchene, dez anos, órfão de pai e mãe que tem como tutor um velho soldado enlouquecido chamado Vilna Lutz. 

Um belo dia, a caminho do mercado de peixes, Peter depara-se com um cartaz pregado numa tenda que atiça sua curiosidade: As perguntas mais profundas e difíceis que a mente e o coração humanos são capazes de formular serão respondidas aqui dentro pelo preço de um florite. Intrigado por um sentimento inquietante que o acompanha desde a primeira infância, o menino faz então a tal pergunta para a vidente. Descobre não somente que a irmã está viva, mas que um elefante o levará até ela. 

Perplexo, sentindo-se ao mesmo tempo esperançoso e ludibriado, Peter volta para casa e para Vilna Lutz, que o espera com uma bronca. Na mesma noite, não muito distante dali, na Ópera Bliffendorf, um mágico deseja agradar uma velha senhora, mas ao invés de produzir um buquê de lírios, é um elefante que despenca do teto sobre ela.  

Este é só o começo de uma grande aventura repleta de personagens memoráveis. Vilna Lutz, o mágico desprestigiado, Madame La Vaughn, seu criado Hans Ickman, o policial de bom coração Leo Mattiene e muitos outros são envolvidos na busca pelo tal elefante que pode levar Peter ao encontro de sua irmãzinha perdida Adele. O que realmente impressiona é a individualidade de cada um desses personagens, com pensamentos e memórias que os levam de volta à infância e faz com que desenterrem sonhos aparentemente esquecidos. Leo, por exemplo, tem uma alma de poeta e gosta de refletir sobre questões que não tem resposta. Ante a falta de imaginação do chefe sobre o caso do elefante, Leo se indaga: E se? Por que não? Não seria possível? O mundo se descortina para aqueles que ousam perguntar. Stupendo!