Sim, hoje é o Dia do Professor! Mando um abraço especial aos meus amigos professores e, claro, a todos aqueles bravos guerreiros que continuam inspirando crianças por esse Brazilzão afora. O livro do dia conta a história de uma dessas professoras inspiradoras, numa época em que as crianças levavam maçãs para presentear seus mestres queridos, um tempo saudoso de conversas na pracinha, cinemas de rua, lições de piano para as moças prendadas, bilhetinhos de amor anônimos, novelas de rádio e estrelas de cinema verdadeiramente elegantes e charmosas. Os inesquecíveis anos 40. 

Numa cidadezinha minúscula, onde apenas o rádio chegava a tempo com as notícias de um mundo cada vez mais veloz e fervilhante, a Professora Maluquinha surge para moldar o caráter e deixar marcas profundas nos corações de trinta e três alunos. Ela era como um sonho, uma injeção de alegria e criatividade na vida dessas crianças, que a imaginavam entrando na sala voando (como um anjo) e com estrelas no lugar dos olhos. Para eles, a professorinha tinha voz e jeito de sereia e vento nos cabelos (o tempo todo!). Ela tinha um riso solto de passarinho, talvez uma Rita Hayworth para os meninos ou a fada madrinha para as meninas. Nas palavras dos alunos, uma professora inimaginável.

A história é contada por cinco de seus alunos: os três, quer dizer, quatro mosqueteiros, e a “chefona” Ana Maria. A turminha conta não somente o que aprenderam em aula, mas especialmente como descobriram o amor pela leitura e também as artimanhas que a professorinha usava para captar toda a atenção da classe. Ela inventou um modo diferente de fazer a chamada dos alunos, criou jogos, disputas entre times – que ultrapassava o básico meninos contra meninas, e podia virar loiros contra morenos, por exemplo – caça-palavras, buscas por tesouros, e a incrível máquina de ler, tudo isso e muito mais para estimular o amor pelos livros, pelo estudo, pela instituição da escola. E antes que eu me estenda demais na história, que, diga-se de passagem, é linda e emocionante, preciso falar sobre o projeto gráfico e as ilustrações que por si só dariam mais um belo post.

Ziraldo, ele próprio um dos maiores mestres da minha infância, fez uma pesquisa maravilhosa e utilizou todo o tipo de artes gráficas da década de 40 para ilustrar o livro. São recortes de revistas como Tico-Tico e Revista da Semana, anúncios de produtos, propagandas, páginas de jornal, personagens de gibi, pôsteres de cinema, tudo isso para compor o universo da professorinha e de seus alunos. O destaque, entretanto, fica por conta da obra de Alceu Penna, cujas ilustrações praticamente deram vida à linda professora. Penna foi um dos grandes nomes da imprensa brasileira, atuou na revista semanal O Cruzeiro – citada na história – e tornou-se um ícone para gerações de moçoilas com seus desenhos detalhadíssimos de roupas, penteados e estilo de vida de forma geral. Graciosidade, leveza e beleza que prometo não esquecer nunca (viu, Ziraldo?!). Um livro completo, cheio de sentimento e verdade. Recomendadíssimo para pais, mestres e alunos de todas as idades.