Entre os meus temas favoritos de livros infantojuvenis, a perda é um dos mais difíceis de serem trabalhados e, consequentemente, de renderem boas histórias. Mas sou uma colecionadora obstinada destas histórias, e O pato, a morte e a tulipa é certamente uma das melhores. 

Um pato recebe a visita da morte e, apesar do susto inicial, acaba admitindo que ela tem um sorriso amigo. Até que é simpática, desde que você não leve em conta quem ela é. Bem simpática. 

Aos poucos, o pato traz a morte para a sua vida, descobre que ela não gosta de água, muito menos de mergulhar. Mas curte subir em árvores. Fazem várias reflexões juntos, o pato a abraça e a aquece. De uma maneira muito peculiar, tornam-se amigos. E assim, o pato despede-se de seu lago, fica arrepiado e a morte retribui com um gesto afetuoso, um acariciar de penas.  

As ilustrações são magníficas (Wolf Erlbruch é o cara!), suavizam o tema, fazem com que realmente encaremos a morte como algo natural. Enfim, todos nós (não importa a idade) temos que lidar com as perdas. É duro, mas é a realidade. Melhor que seja de uma forma delicada, como esse livro que pra mim é uma grande obra de arte.