É muito complicado para mim escolher apenas um livro de fábulas: eu cresci ouvindo essas histórias, é claro que todas elas são muito queridas, vivem no meu coração. Esopo, La Fontaine e os contos de fadas de Charles Perrault, irmãos Grimm e Hans Cristian Andersen, todos esses nomes fazem parte da minha infância. Até hoje tento encontrar um certo volume de capa verde água dos irmãos Grimm, que foi um companheiro inseparável – meu e de meus irmãos. Lembro-me de minha mãe lendo-o para nós, uma linda imagem que sempre me faz sorrir. 

Bom, mas aproveitando o tema fábulas, que é sempre relacionado (e às vezes confundido) com os contos de fadas, tomo um breve parágrafo para fazer os devidos esclarecimentos. As fábulas são aquelas histórias que trazem sempre uma lição de moral no final e originaram os contos de fadas. Estas, possuem o elemento fantástico, criaturas monstruosas, animais falantes e pensantes e heróis humanos que passam por transformações físicas e/ou intelectuais. Os contos de fadas muitas vezes suavizam os temas das fábulas, mas alguns deles são muito mais aterrorizantes. Leia muito, tenho certeza de que encontrará os seus preferidos. 

Escolhi o volume duplo de Jean de La Fontaine (1621-1695), não somente por ser ele o “pai” da fábula moderna, e sim porque a edição mais famosa da obra (reproduzida aqui) foi ilustrada por ninguém menos do que Gustave Doré (1832-1883), o grande artista que ajudou a imortalizar os maiores clássicos da literatura mundial como Dom Quixote, Orlando Furioso, Paraíso Perdido e A Divina Comédia. É definitivamente um dos meus preferidos, ao lado de Arthur Rackham, Edmund Dulac e John Bauer, outros mestres do encantamento juvenil. 

Aqui, além das ilustrações emocionantes de Doré, você vai encontrar fábulas (em versos) que praticamente nasceram conosco como A cigarra e a formiga, A raposa e as uvas, O rato da cidade e o do campo, O lobo e o cordeiro e centenas de outros, todos traduzidos por grandes nomes da literatura em língua portuguesa, como Bocage e Machado de Assis. Uma obra de arte para ter e guardar com carinho para as futuras gerações.