Livro do dia: O gigante egoísta

Livro do dia: O gigante egoísta

Posted by Kátia

No Dia Mundial do Livro, nada como retornar aos clássicos - e ao nosso autor mais que querido Wink. Já falamos aqui sobre os fantásticos contos do gênio-mor Oscar Wilde e hoje trazemos um que é delicadeza pura. O gigante egoísta, assim como O rouxinol e rosa (aqui) é um conto de fadas original do livro O príncipe feliz, de 1888. Não consigo eleger um único conto de Wilde como meu preferido, mas os dois acima, juntamente com O aniversário da infanta (em breve no blog) estão entre as histórias mais lindas que já li na vida ♥ 

O jardim do Gigante é o refúgio preferido das crianças. Todo dia, após a escola, os meninos se encontram lá para brincadeiras. A relva macia mais parece um tapete verde e as flores se erguem, aqui e ali, como estrelas. Os pessegueiros estão por toda parte, dando flores e frutos perfumadíssimos. As crianças não se cansam de exclamar: “Como somos felizes aqui!”. Mas um dia o Gigante retorna ao seu castelo - depois de um longo colóquio com o colega Ogro da Cornualha - e vê aquela criançada fazendo algazarra no jardim. Rabugento como ele só, trata logo de acabar com a alegria dos pequeninos, cercando o jardim com um alto muro e colocando um cartaz enorme que diz com todas as letras: É PROIBIDA A ENTRADA OS TRANSGRESSORES SERÃO PROCESSADOS. 

Os meninos ficam perdidos, onde mais poderiam brincar? A estrada é cheia de poeira, buracos e pedras e não tem graça nenhuma sem o verde maravilhoso do jardim do Gigante. Passam então a suspirar defronte a muralha que o malvado construiu. Mas o Gigante pagará um preço alto por seu individualismo. Os pássaros deixam de entoar suas canções, porque não existem mais meninos no jardim os quais alegrar. As árvores se esquecem de florescer. Somente uma florzinha valente aponta a cabeça sobre a relva, mas ao ler o cartaz se deixa cair de tristeza e mergulha num sono profundo. Enfim, a Primavera abandona de vez o jardim do Gigante, deixando espaço de sobra para a Neve e a Geada. 

A Neve trata logo de cobrir o jardim com um vasto manto branco e a Geada pinta de prata os galhos das árvores. Empolgadas, decidem se instalar definitivamente por ali e chamam os amigos Vento Norte e Granizo para lhes fazer companhia. O Gigante, inconformado, não entende o motivo do atraso da Primavera. Mas ela nunca chega, tampouco o Verão. O Outono dá frutos a todos os jardins, mas no jardim do Gigante não nasce nada. Ali, o Inverno parece eterno. Então, num belo dia, a mágica acontece: o Gigante ouve um canto formidável, um canto de pintarroxo quase esquecido. Neste momento, o Granizo deixa de bailar pelos quatro cantos e o Vento Norte cessa seu rugido. Como que renascido, o Gigante sente o perfume das flores e vai até a janela contemplar o espetáculo. E que espetáculo! As crianças fizeram um buraco no muro e brincam novamente entre as árvores do jardim. O Gigante finalmente percebe o tamanho de seu egoísmo e, arrependido, decide destruir o muro e transformar o jardim num local permanente de brincadeira e alegria. E antes que tudo acabe ele ainda permitirá que um menininho especial more em seu coração. Perfeito. 

O gigante egoísta
Autor: Oscar Wilde
Ilustradora: Marcia Szeliga
Editora: Cortez
Temas: Tolerância; Amor e amizade; Clássico
Faixa etária: A partir de 07 anos 
 
Participe também: Hoje, no Dia Mundial do Livro, acontece uma homenagem ao escritor gaúcho Carlos Urbim, falecido em fevereiro deste ano. O projeto Eu Leio Urbim vai rolar na Casa de Cultura Mário Quintana, aqui em Porto Alegre e contará com um sarau, uma mostra com objetos do autor, figurinos da peça baseada em seu livro Saco de Brinquedos e muito mais. A programação completa você confere aqui.

"O jardim agora é de vocês, criancinhas!" [Ilustração de Fabian Negrin]
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