Livro do dia: O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá

Livro do dia: O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá

Posted by Kátia

Hoje o Brasil está em festa para comemorar o centenário de Jorge Amado, este tão querido e caloroso escritor que nos deixou em 2001. Eu conheci a literatura de Jorge Amado quando era uma jovem estudante, mas ao contrário da maioria, não comecei com este delicado livro infantil. Pelo contrário, fui arremessada diretamente no turbilhão de emoções do bando de Pedro Bala, Professor, Boa-Vida, Dora e dos outros Capitães de Areia. Mas essa é uma história que fica para depois. Toda criança deve ter o prazer de embarcar na leve fábula de amor entre um gato de má reputação e uma andorinha que era a doçura encarnada. 

A história do Gato Malhado e da Andorinha Sinha acompanha as estações do ano. É chegada a Primavera e com ela os botões nascem perfumados e desabrocham em flores radiosas. Os pássaros cantam alegres, pombos arrulham seu amor, patos nadam enlaçados através da lagoa e os pintinhos novos, recém-saídos de suas cascas, acompanham a mamãe orgulhosa nesta bela manhã. Os cachorros, sempre cheios de vida e energia, correm entre as folhas, mas do Gato Malhado ninguém quer saber. Ele é mau, feio, egoísta e sobre ele pairam acusações gravíssimas. Um belo lírio branco fora destruído uma vez, um filhote de sabiá sequestrado, a mais linda pomba-rola morta e ovos inocentes roubados. Ninguém nunca provara nada, mas desconfiavam muito do Gato Malhado. Por quê? Por inúmeros motivos. 

Diziam que ele era mal-educado, não cumprimentava os companheiros animais no parque. Ele destratava as árvores, usava-as para se arranhar e depois as descartava. Ele ignorava o chamado dos cães, que queriam brincar com ele. Mas será que era pura maldade mesmo? A Andorinha Sinhá duvidava disso. Ela não acreditava que o Gato tivesse um coração tão maldoso. No dia em que a Primavera inundou o parque com suas cores, aromas e melodias, os animais surpreenderam o Gato Malhado em um momento de explícita felicidade. Ele ria, ria pela bocarra e pelos olhos pardos também. Os animais, aterrorizados com a cena, afastam-se do Gato. Menos ela. A linda, curiosa e gentil Andorinha. 

À partir deste encontro, nasce uma verdadeira, ainda que reprovadíssima, amizade. Mesmo sob os protestos dos pais - que planejam casá-la com o Rouxinol - e os comentários maldosos de toda a fauna do parque, a Andorinha Sinhá continua a encontrar-se com o Gato Malhado. Este, por sua vez, enamora-se totalmente da amiga. E sofre porque ela não pode corresponder ao seu amor. O Verão passa rápido demais quando se está amando e, quando o Gato dá por si, as folhas das árvores já estão sendo derrubadas pelo vento. No limiar de sua paixão, o Gato escreve um soneto para a Andorinha, mas é avisado pela Coruja, sua única confidente, de que os casamentos entre gatos e andorinhas sempre foram proibidos. O Gato está disposto a uma revolução, mas o que realmente sente a Andorinha? Um melancólico sonho de amor impossível, lindo de viver. Recomendo muito. 

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá
Autor: Jorge Amado
Ilustrador: Carybé
Editora: Companhia das Letrinhas
Tema: Amor; Natureza
Faixa etária: À partir de 07 anos

Leia também: Eu simplesmente não consigo pensar em Jorge Amado sem a sua Zélia Gattai, almas gêmeas, companheiros de uma vida inteira. Então, é claro que escolhi um livro dela, Pipistrelo das mil cores (Ed. Companhia das Letrinhas), que conta a história de um animal raríssimo, encontrado nos confins do Pantanal e muito semelhante a um dragão dos contos de fadas. Pipistrelo, capturado por gananciosos caçadores, se expressa somente através de suas grandes asas de seda, que mudam de tonalidade de acordo com seus sentimentos. Fofo demais!

O amor de Jorge e Zélia é inspirador demais ♥
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