Ontem, às 17h50min e pesando 2.750 kg nasceu a minha linda sobrinha Isabella. Seja bem-vinda, minha querida! Apesar da distância temporária, já sinto todo o amor que ela trouxe ao mundo e vejo mais beleza e cor nos caminhos da vida. Uma princesa encantada chegou e os meus desejos para ela são os melhores, claro. Que ela tenha uma vida cheia de saúde, luz, magia e grandes aventuras. Que ela celebre a sua infância com muita imaginação e que ame com intensidade; que a arte a comova, que se admire com a simplicidade das pequenas coisas e se extasie diante da magnitude da natureza. Que os bons sentimentos, pensamentos e energias que lhe enviamos, hoje, amanhã e sempre, possam ser compartilhados com todas as criaturas, sejam elas uma flor, um gatinho ou outro ser humano. Acima de tudo, que seja feliz e carinhosa. E esta é a minha singela homenagem a ela: um livro que transborda todas essas sensações e que traz acolhimento e conforto em cada uma de suas belíssimas ilustrações em tons de sépia. 

Já falei aqui e aqui sobre a minha paixão pela artista belga Gabrielle Vincent, que tanta beleza legou ao mundo. Ela consegue imprimir o amor em cada uma de suas criações, do menino que fica encantado com a marionete ao cãozinho abandonado no meio da estrada. Em O nascimento de Celestine ela nos mostra o singelo encontro entre seus personagens mais famosos, o urso Ernest e a ratinha Celestine. Logo de início as lágrimas vêm aos olhos: Ernest nos conta sobre seu passado, quando era um varredor de rua e encontrou a pequenina Celestine dentro de uma lata de lixo. Chocado, ele a aquece em seus robustos braços e a leva para casa. 

E este é apenas o começo de uma linda história que versa também sobre preconceito e tolerância. Afinal, pode um urso solteirão e bagunceiro, sem nenhuma experiência ou instinto paternal cuidar de um bebê que nem ao menos pertence à sua espécie? Claro que pode!!! Aos ursos intrometidos, Ernest responde da maneira mais discreta e verdadeira possível. Ele responde amando. Ok, a sua casa é desorganizada e muitas vezes ele nem sabe como agir com o bebezinho. Mas tem paciência, dedicação e afeto de sobra para dar. Ele prepara o leitinho para Celestine, a embala, conta-lhe histórias e vai aprendendo o “ofício” de pai aos poucos, em cada brincadeira, em cada espirro, em cada sorriso. 

Ele se torna um pai tão babão que logo começa um diário muito engraçado, com informações do tipo “3 de março. Celestine abriu um olho”. Impossível não amar esse paizão, que, forte e resoluto como sempre, dribla o preconceito aonde quer que vá. Ele é tão protetor que inclusive tenta afastar os amigos, com medo de que rejeitem a sua filhinha. Ernest e Celestine se refugiam em casa, mas os amigos são leais e valorosos e decidem ajudá-lo, com a doação de roupinhas para o bebê. Aos poucos a vida vai entrando nos eixos e não há nada que abale a sua confiança de pai e a determinação em fazer de seu pequeno mundo o melhor dos lares para a filha. Lindo, maravilhoso, emocionante, um livro para aplaudir a vida e celebrar todas as suas diferenças. Mil vezes genial!!!