Livro do dia: Orgulho e Preconceito

Livro do dia: Orgulho e Preconceito

Posted by Kátia

Em sua opinião, qual é a história de amor mais linda da literatura? Nós aqui do Happy Sally temos muitas favoritas, mas talvez nenhuma que nos acompanhe há tanto tempo quanto Orgulho e Preconceito, de Jane Austen. Descoberto por acaso numa biblioteca pública há mais ou menos 25 anos, lá no comecinho da adolescência, este é um livro que temos orgulho de dizer: faz parte de nossas vidas. Uma história super romântica sim, publicada em 1813, que traz como protagonista uma jovem que não tem medo das convenções e expressa suas opiniões para quem quise-las ouvir. Elizabeth Bennet, a mocinha feminina e feminista avant la lettre gosta de ir à bailes e dançar, mas também não perde a oportunidade de questionar os absurdos que permeiam a vida em sociedade, sejam os casamentos por conveniência ou o desespero por ascensão. Jane Austen, certeira como sempre, é uma autora sarcástica e ao mesmo tempo elegante. Uma mulher genial. 

Nos arredores da cidade fictícia de Meryton, no condado de Hertfordshire, vive a família Bennet, composta por pai, mãe e cinco filhas: Jane, Elizabeth (Lizzy), Mary, Katherine (Kitty) e Lydia. O pai é um proprietário rural de pouca fortuna e a mãe uma casamenteira de mão cheia. Lizzy, de 20 anos, é a segunda mais velha e uma das poucas pessoas sensatas a viver sob o teto de Longbourn. A mãe só pensa na próxima artimanha para jogar a linda e encantadora filha mais velha, Jane, nos braços do novo vizinho Mr. Bingley. O pai é um homem sereno até demais que ignora as convenções e observa a loucura de seus parentes e vizinhos com certo grau de distância. Kitty e Lydia só pensam em flertar com os oficiais que estão de passagem por Meryton e a aplicada Mary prefere estudar e se dedicar à música. 

É justamente com a chegada de Mr. Bingley que conhecemos aquele que talvez seja o herói romântico mais amado da ficção, Mr. Darcy. No início ele se revela orgulhoso, ríspido até, ao participar de um baile e se recusar a dançar com qualquer uma das moças convidadas. Lizzy, estupefata, ainda é obrigada a ouvir que era “perfeitamente tolerável, mas não bela o suficiente para tentar-me”. Começa assim uma relação tempestuosa, cheia de grandes embates e alguns dos diálogos mais inspirados e apaixonados de todos os tempos. Mr. Bingley e Jane logo se aproximam e Mr. Darcy é obrigado a conviver socialmente com os Bennet, já que o amigo é animado e expansivo. Darcy então é capturado pelos belos olhos de Elizabeth e, claro, por sua personalidade singular. 

Fitzwilliam Darcy é uma figura realmente incrível. Ainda que um tanto “engessado” aos preceitos de sua privilegiadíssima classe social, ele é na verdade um introvertido dos grandes e tem a maior dificuldade do mundo para estabelecer uma conversa com estranhos. Ele simplesmente não consegue expressar seus verdadeiros sentimentos e isso complica ainda mais a sua relação com Elizabeth: “Não consigo esquecer as loucuras e os vícios dos outros tão rapidamente como devia. Nem as ofensas que me fazem. Meus sentimentos não se inflamam ao menor esforço ou tentativa. Meu temperamento pode ser chamado rancoroso. Uma vez perdida a boa opinião que tenho de uma pessoa, está perdida para sempre”.

Ao que ela responde: “Isto é realmente um defeito. O ressentimento implacável é um traço que marca um caráter. O senhor soube escolher bem o seu defeito. Realmente, não posso me rir dele. Não precisa ter medo de mim”. Tenso. Lizzy, sempre sincera - ainda que gentil - começa a atribuir mau caráter a Darcy ao conhecer o oficial Wickham. Este conta uma história cabulosa que envolve o seu padrinho e protetor, pai de Mr. Darcy, e uma herança que lhe fora negada por seu filho. Tudo parece conspirar contra Darcy, especialmente quando ele convence o amigo Bingley a deixar Meryton. 

Jane fica desolada e Lizzy, desconfiada. Mas vocês pensam que Jane fica sentada esperando o retorno do “príncipe”? Que nada! Lá vai ela passar uma temporada com os tios em Londres, certa de que poderá reencontrar o seu amado na cidade. Ainda que ela não obtenha sucesso, temos que admirar a sua resolução e autoconfiança. Lizzy, afastada de sua irmã preferida, vai visitar a amiga Charlotte, esposa do pastor que administra a paróquia de Rosings, em Hunsford. Coincidentemente, a proprietária de Rosings, Lady Catherine de Bourgh, é tia de Mr. Darcy e é claro que eles se encontram novamente (e a cada encontro a gente suspira e torce por eles). Porém, nada ainda de final feliz: Lizzy tem a confirmação de que Darcy foi o responsável pela separação de Bingley e Jane. E tudo isso momentos antes de Darcy lhe fazer uma declaração de amor desastrosa! 

Mas a grandeza da alma e do caráter de Mr. Darcy serão comprovados, da melhor e mais discreta maneira possível. E como é lindo ver Elizabeth mudando aos poucos suas opiniões (e especialmente seus sentimentos) em relação a Darcy! Ela é sempre muito franca e modesta, e ainda justa e benevolente. Há mais um belo encontro dos dois em Pemberley, morada dos Darcy, e um drama familiar daqueles no qual Darcy toma parte e acaba salvando a família Bennet. Tudo isso mantendo o seu semblante reservado de sempre, acrescido apenas de um sorriso de admiração por sua musa Lizzy. Ela certamente o ensinou a sorrir. E ele, apesar de tudo, a ensinou o valor de uma segunda chance. Eles são perfeitos juntos e não haveria no mundo um casal mais apropriado para passar o Dia dos Namorados conosco. Feliz Dia!!! 

Orgulho e Preconceito
Autora: Jane Austen
Editora: Penguin Companhia
Temas: Amor; Família; Clássico
Faixa etária: A partir de 14 anos 
 
Assista também: É óbvio que não poderíamos indicar outro senão o nosso filme favorito, que vem a ser uma das melhores adaptações literárias a que tivemos o prazer de assistir. Em Orgulho e Preconceito (2005), Elizabeth é interpretada pela maravilhosa Keira Knightley, que realmente tem o olhar hipnótico da nossa adorada personagem. E o que dizer do Mr. Darcy de Matthew MacFadyen? A cena na qual ele caminha rumo a Longbourn em meio às brumas da manhã para reafirmar o seu amor por Elizabeth é inesquecível. Simplesmente magnífico!!!

"Eu preciso te dizer, você enfeitiçou o meu corpo e minha alma, e eu a amo, a amo, a amo"...
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