Continuando o maravilhoso mês das artes, hoje é comemorado o aniversário de Marc Chagall (1887-1985), um dos mais queridos do meu coração. Crescendo na Rússia, no bairro judeu de Vitebsk, o menino Moshe Segall vive encantado em meio a violinos e canções, vacas, galinhas e as peras geladas que seu pai lhe trazia na volta do trabalho. 

O garoto Moshe gostava de andar pelo telhado à noite, em companhia da lua, o ar azul e suas estrelas. Sonhava com um futuro grandioso. No Cheder, a escola de religião judaica, Moshe preferia admirar as galinhas e as cabras do que ouvir os ensinamentos do rabino. Mais tarde, na escola comunal russa descobre a verdadeira vocação ao observar um desenho que o colega copiara de um jornal. Tão bonito! Para provar que poderia desenhar ainda melhor que o amigo, Moshe copia aquele desenho e outros mais. Com o tempo, convence os pais a matriculá-lo numa escola de arte. 

Com o professor Jehuda Pen, entretanto, o menino aprendia apenas a copiar. Passava os dias copiando bustos de gesso, quadros e pintava com as cores preestabelecidas pelo mestre. Ele estava insatisfeito, pois procurava uma pintura diferente. Vai para São Petersburgo com o intuito de entrar numa grande escola de arte. Mas os parcos recursos o deixam numa situação difícil. De férias em Vitebsk tem uma visão, pouco depois de ouvir a mãe de sua namorada Bella queixar-se de seu futuro nada promissor: 

Sem pensar muito nas consequências, vai para Paris, com a esperança de que entendessem sua arte. Lá Moshe finalmente se descobre e torna-se Marc Chagall. Respirava arte o dia todo, visitando o Louvre durante o dia e pintando madrugada adentro. As luzes e cores de Paris se derramavam dentro de seus quadros. Fez-se amigo de todo o tipo de artistas, de Modigliani a Apollinaire, que considerava sua arte sobrenatural. E de Paris, Marc Chagall conquista o mundo. Daqui, faço a minha reverência ao mestre. E o saúdo com fervor.