O pote vazio é mais uma daquelas fábulas chinesas de que tanto gosto. Há muito e muito tempo na China, vivia o garoto Ping, que amava as flores e tinha um talento nato para cultivá-las. O amor pelas flores era compartilhado com todas as pessoas que moravam no reino. Plantava-se flores por toda parte e o ar do país inteiro tinha um doce perfume. 

O imperador também adorava as plantas e os animais, mas naquele momento havia algo que o preocupava. Ele precisava escolher um sucessor, pois não tivera filhos. Ele decide propor uma tarefa para cada uma das crianças do reino. Entrega uma única semente nas mãos de cada pequenino e faz um desafio: depois de um ano, aquele que cultivasse a mais bela e perfumada flor seria seu herdeiro. 

As crianças correm em polvorosa, todos querem dedicar-se à sua preciosa semente. Ping faz de tudo para que sua semente transforme-se numa linda flor. Ele a planta num vaso bem espaçoso, emprega todo o tipo de adubo e a rega constantemente. O mais importante de tudo ele transmite à sua sementinha: um carinho enorme, um carinho que não conhece preguiça, cansaço, um carinho que aquece do frio. Um sentimento tão puro que deveria alimentar aquela semente e transformá-la na mais bela flor do reino. 

Mas não é isso o que acontece. Não importa o que o pequeno Ping faça, não importa o seu amor desmesurado, a semente não vinga. Os meses vão se passando com uma velocidade incrível e nada acontece. O tão temido dia de encarar o imperador finalmente chega e Ping, envergonhado, não sabe o que dirá para ele. Seu pai tenta consolá-lo e o incentiva a ser honesto, levando somente o fruto de seu trabalho, ou seja, o pote vazio. No caminho até o palácio, Ping estremece: seus colegas carregam vasos maravilhosos, com flores que brotam em cachos e mais cachos. Cores diversas e intensas quase ferem o seu olhar, assim como os perfumes, tão inebriantes. Arrasado, sentindo-se diminuto perante tanta beleza, Ping vai ao encontro do imperador. E descobre que a coragem era a única qualidade que se esperava dele. Tocante.