Livro do dia: O Dia do Curinga

Livro do dia: O Dia do Curinga

Posted by Kátia

Hoje é o aniversário de 60 anos do meu amado e idolatrado Jostein Gaarder. Meus parabéns!!! Chegou finalmente a hora de eu assumir a minha nerdice absoluta e falar para vocês sobre o meu livro juvenil preferido, que estou lendo pelo 15° ano consecutivo. Sim, a informação está correta, ninguém está ficando doido não. 

Todo ano, geralmente em agosto, faço o meu ritual de leitura e viajo de volta à Noruega, desta vez em pensamento. Mas não somente isso. Eu me conecto com Jostein, seguro sua mão, e parto numa viagem de carro pela Europa com os personagens do livro, ao mesmo tempo em que fixo residência numa vila de conto de fadas na Suíça e me perco numa ilha do Pacífico. Mais do que o reencontro com esses personagens espetaculares, eu vivo com eles a ansiedade da travessia, o desejo de chegar lá, a ânsia de voltar. Eu sonho com cartas e anões, com lupas e pãezinhos, com bebidas púrpuras e uma maldição de família prestes a ser quebrada. Só tenho a agradecer a Jostein, que permitiu que no início da minha fase adulta um tanto deslumbrada, eu reconhecesse a importância de sonhar e de acreditar no inacreditável. Cheers! 

Bom, mas afinal de que se trata O dia do curinga? À princípio, trata-se da jornada de um garoto de doze anos, Hans-Thomas, e de seu pai, um filósofo na pele de um mecânico, ex-marinheiro, ex-viajante dos sete mares, uma figura rara. Um curinga num baralho. Os dois partem da Noruega em direção à Grécia, onde pretendem reencontrar a mãe do garoto, que os abandonara oito anos antes. Na família de Hans-Thomas sempre faltou uma “carta” importante. Seu pai cresceu sem o próprio pai, a avó sem o marido e ainda por cima com o estigma de adoradores de alemães (a história de amor da avó ocorreu durante a Segunda Guerra, a avó engravidou de um alemão e nunca mais o viu). 

Refletindo sobre a própria existência e a de seus antepassados, Hans-Thomas depara-se com um curioso anão num posto de gasolina e mesmo sem entender uma palavra do que ele fala, acaba ganhando uma lupa de presente. Um pouco depois, na idílica cidadezinha de Dorf, o menino trava contato com um simpático padeiro, que o agracia com um pãozinho recheado de passas. Dentro do pão há um segredo que Hans-Thomas não pode compartilhar com ninguém e o menino se vê envolvido numa trama que remonta há séculos e envolve bravos homens do mar, padeiros melancólicos e uma ilha fantástica povoada da imaginação de um homem extremamente solitário. Enquanto tenta desvendar o segredo desta ilha, Hans-Thomas vai compreendendo o significado da história de sua família. 

Não sei dizer o que amo mais no livro, são muitos os detalhes preciosos e todos eles enchem os meus olhos de brilho e esperança. Eu desejo essa experiência para todas as pessoas queridas, sim, eu desejo que você vivencie isto também. Só não exagere na bebida púrpura (dica de uma expert no assunto!). E mais uma salva de palmas para Jostein Gaarder! 

O Dia do Curinga
Autor: Jostein Gaarder
Editora: Cia. das Letras
Temas: Aventura; Família; Fantasia
Faixa etária: À partir de 12 anos

Assista também: Hoje é o dia dedicado à Noruega, por isso vou compartilhar uma animação estupenda, maluquíssima, saída da mente do diretor, roteirista e mestre das marionetes Ivo Caprino (1920-2001). Não estranhe o nome, ele é norueguês de verdade! Fláklypa Grand Prix (1975) conta a história de Reodor, um inventor que vive com dois amigos animais, um porco-espinho um tanto depressivo e um passarinho (na realidade uma pega) muito mais otimista. Um belo dia, Roedor descobre que seu assistente roubou um de seus experimentos malucos, com o intuito de utilizá-lo num carro de Fórmula Um e se tornar o campeão mundial. Simplesmente FE-NO-ME-NAL!

Sandane, Noruega, um dos meus lugares encantados do mundo
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