Hoje é o Dia do Bibliotecário e vocês irão conhecer a bibliotecária mais maluca de todos os tempos, cortesia de meu amado Jostein Gaarder. Mas antes, faço as apresentações dos pequenos protagonistas desta deliciosa história. Nils e Berit são primos que vivem em diferentes cidades da Noruega. Enquanto Nils vive na capital Oslo, a sortuda Berit mora em Fjærland, pequeno vilarejo abraçado por um magnífico fiorde. Os primos passaram as férias juntos na cidadezinha de interior de Berit e decidem começar um diário juntos, que eles chamam de livro de cartas. A ideia é que eles compartilhem pensamentos e acontecimentos cotidianos, somente entre si. Por isso o livro de cartas tem um segredo e duas chaves, e o conteúdo não pode ser revelado para mais ninguém. O que começa como uma brincadeira de criança, logo ganha ares de mistério. No caminho de volta a Oslo, Nils para numa papelaria e compra o tal diário, mas a grande surpresa ocorre no momento em que o garoto tenta pagar a sua compra. De repente surge uma mulher com cara de doida, que parece babar em cima dos livros, e se oferece para ajudar no pagamento.

Estarrecido, Nils mal consegue agradecer, no máximo sai um “obrigado” tímido, ao que ela responde: “eu é que agradeço!”. Os primos já haviam se encontrado com essa estranha figura antes, no hotel onde trabalha a mãe de Berit. A menina fica literalmente com a “pulga atrás da orelha” e começa uma ousada investigação. Acaba seguindo a mulher misteriosa até uma casa amarela isolada à beira da floresta. Ao entrar em casa, ela deixa escapar um papel de sua bolsa e a espertinha Berit não pensa duas vezes antes de se apoderar do tal papel. Na carta endereçada à Querida Bibbi Boken, uma mulher chamada Siri procura desesperadamente por um sebo em Roma, no qual há uma coleção de livros que ainda não foram escritos. Siri se recorda de pegar um deles nas mãos, apesar de não estar certa quanto ao título, que tinha algo a ver com “biblioteca mágica”. O mais fascinante, no entanto, era a data de publicação do livro: em algum momento do ano posterior!

Ao descrever a cena para Nils no livro de cartas, Berit mal podia imaginar que ele não acreditaria em suas palavras. E é durante a discussão dos primos que somos apresentados à história do livro impresso e temos contato com termos como “bibliógrafa” e “incunábulo” (vale a pena manter o dicionário por perto durante a leitura), por exemplo. Nils e Berit também trocam impressões sobre os livros que estão lendo e há inclusive momentos tocantes, como quando Nils utiliza um trecho de O Ursinho Pooh – no qual Leitão fica ansioso ante a possibilidade de rever os suspensórios de um azul vivo do menino Cristóvão – para falar sobre a lembrança de um chocolate dividido com a prima depois de um dia maravilhoso de aventuras.

Mas e a nossa cara bibliotecária? É claro que ela ressurge com força total, gritando pelos cantos que ama Dewey e ensinado indiretamente os pequenos sobre classificação decimal. Empolgado, Nils escreve uma redação nonsense sobre a tal Bibbi Boken e fica ainda mais envolvido no caso quando seu professor o chama para uma conversa e o indaga sobre o uso do nome de Bibbi. Afinal, quem era realmente aquela mulher? Uma verdadeira espiã ou uma bruxa dos livros? As coisas ficam ainda mais complicadas quando aparece um careca assustador, o “Smiley”, querendo a qualquer custo colocar as mãos no livro de cartas dos primos. Berit continua investigando Bibbi, tendo inclusive a coragem de entrar na casa dela. Indagada pelo primo sobre o perigo que corria, Berit rebate: “Tenho olhos na nuca, Nils. Tenho olhos por quase todo o corpo. Ler livros deixa a gente esperta.” Um livro perfeito para a comemoração do dia, desvende o mistério da biblioteca mágica de Bibbi Boken você também. Garanto que será uma aventura e tanto no universo dos livros, com direito a vilão apelativo, charadas em forma de versos, sonhos reveladores e as paisagens mais lindas do mundo. Só não se esqueça de deixar a porta da biblioteca aberta para sua mãe poder te levar um leitinho com biscoitos. Sei que não vai querer sair de lá tão cedo. E Feliz Dia do Bibliotecário para todos os amigos e queridos, conhecidos e desconhecidos!

Poeminha vintage para os bibliotecários do meu coração