Feliz Dia do Professor para todos os amigos que elegeram essa bela e desafiadora profissão – vocês têm a minha total admiração! Nós já falamos aqui sobre uma professora maluquinha adorada pelos alunos, uma professora corajosa e lutadora (com toda pinta de mãezona) e uma diretora que, digamos, mais parecia o capeta encarnado. Bom, a professora de hoje é um monstro, mas a história não é tão simples quanto parece. O livro é dedicado a “professores incompreendidos e seus alunos incompreendidos” e é assim que se sente o menino Roberto. Ele tem muuuita dificuldade em lidar com sua professora, a Sra. Kirby. Ela berra o tempo todo - exclamando “quieto!” e “sai da frente!” a cada minuto -, vive dando sustos na turma e ai daquele que inventa de jogar aviões de papel dentro da sala de aula: nada de recreio! 

A carinha do Beto é de dar dó, ele vive com o cabelo espetado de tanto susto que toma! A professora – as ilustrações são engraçadíssimas – é representada como uma legítima “ogra”, grandalhona, verde, com garras e uma bocarra cheia de dentes pontiagudos. É assim que as crianças enxergam a Sra. Kirby. Mas como ela os vê, como se sente em relação ao mundo? É isso o que Beto irá descobrir num belo sábado, durante um passeio ao seu lugar preferido, o parque. Era para lá que ele partia para tentar esquecer os problemas da escola, mas justamente naquele sábado quem ele encontra por lá? Claro que é a Sra. Kirby! 

Os dois ficam muito constrangidos com o encontro, mas a verdade é que a professora parece bem à vontade no banco, sentada com um livro a admirar os patos. Beto fica quase roxo de vergonha, levanta a mão para falar ao que ela retruca: “Aqui você não precisa disso, o que ia dizer"? A animosidade vai sendo derrubada aos poucos, com o menino a saudá-la e a elogiar seu chapéu gigante. Antes que o silêncio os deixe ainda mais embaraçados, o vento trata de levar o chapéu – o chapéu preferido que ela ganhara da avozinha - e o bravo Beto se lança em seu resgate. E vocês precisam ver a expressão de felicidade da professora, que se abre num sorriso e grita a plenos pulmões: “Ah, Beto, você é meu herói!”. 

É claro que logo depois disso ela tenta disfarçar, mas não tem mais jeito, ela está iluminada, e seus contornos vão se suavizando aos poucos, não mais os de um ogro malvado, mas sim os de uma moça comum. Beto descobre que ela gosta de fazer quá-quá com os patos, e eles brincam juntos, até que o menino tem a ideia de levá-la ao seu cantinho especial, no alto da colina, onde ela lhe estende uma folha de papel e eles – finalmente! – brincam de aviãozinho. “O melhor voo de avião de papel de todos os tempos”, diz Beto. A Sra. Kirby concorda totalmente. Eles saem transformados daquele encontro, mas mesmo assim o menino fica ressabiado quanto à segunda-feira. No final das contas, a Sra. Kirby bem que sabia fazer elogios, mas ainda ficava verde de vez em quando – somente se certos meninos terríveis teimassem em jogar aviõezinhos dentro da sala! Um livro leve, divertidíssimo, que fala sobre a importância de abraçar o diferente e de praticar a tolerância, hoje, amanhã, eternamente.