E maio começa alegre e florido, com um dos livros mais importantes da minha infância e que tenho o prazer de compartilhar com vocês agora. Eu pretendia escrever sobre ele no dia do meu aniversário, mas o mês de abril passou voando com tantos compromissos e acabei perdendo a oportunidade. Não posso esperar mais, estou ansiosa para falar sobre Flor de Maio e a minha busca incessante pelo livro através dos sebos de São Paulo e Porto Alegre. 

Estou habituada a comprar livros antigos e usados no site estante virtual. Mas há livros especiais que não possuo mais por um infortúnio do destino, livros queridos da minha meninice. Esses, como no caso de Flor de Maio, eu preciso tocar, olhar página a página, conferir a edição – detalhe importantíssimo porque a minha era de 1985 e eu queria a mesmíssima edição – o estado de conservação da capa e da encadernação, verificar se tem rasuras, se está amarelecido, etc e tal. Não aceito um simples “em bom estado” virtual como descrição. Simples assim, resolvi que o resgataria de um sebo físico, com suor, lágrimas e muita poeira. Os meses e os anos passaram. Então eu entro descomprometidamente na Ladeira Livros, aqui em Porto Alegre e dirijo-me à seção infantil, que nem é tão grande assim. Olho livro por livro, como sempre, mas sem grandes expectativas. Puxo um livro qualquer do meio da prateleira, só que não era um livro qualquer. Era Flor de Maio. Eu dei um grito e assustei o atendente, tive que desculpar-me dizendo que era um dos livros mais importantes da minha vida e que ele tinha finalmente voltado para mim. Quase chorei, e depois espirrei, abracei, beijei o livro. E trouxe-o para casa, embalado em meus braços. 

Mas afinal, o que torna Flor de Maio tão único? Tudo. A história, as ilustrações e todas as boas lembranças que ele me traz. Uma linda e delicada borboleta sai do casulo, mas, ao invés de voar, ela cai ao chão e desespera-se. Por causa da quantidade de pesticidas utilizados em seu jardim, ela nasce com uma deficiência numa das asas, o que a impossibilita de voar. Falta um pedacinho ali, ela não consegue equilibrar-se e nem ao menos caminhar. Certa de sua morte iminente, ela chora por horas a fio. Mas então aparece uma otimista formiga, toda hippie, de fita na cabeça. Ao ouvir a história da borboleta, ela logo se põe a cantar, para espantar a tristeza. Sua bela voz é acompanhada pelo violão de uma atrapalhada cigarra que passa pelo local e que se solidariza com a situação da pequenina borboleta. A formiga logo arruma um galho para a borboleta apoiar-se e juntas as moças dirigem-se ao médico. 

O médico, o gafanhoto Dr. Faz Tudo, na realidade não pode fazer muito pela borboleta. Recomenda então os serviços de Godofredo, um misterioso e poderoso “mágico”. A travessia, no entanto, seria incerta, já que Godofredo não gostava de atender qualquer um e colocara um guarda feroz para bloquear o acesso à sua residência. Imaginem só a cara das três amigas ao descobrirem que o guarda era...um sapo!!! E que ainda por cima sentia cheiro de medo! Horrorizadas, mas ainda assim decididas, elas partem numa jornada de esperança e coragem. E provam que, com uma boa música e palavras de incentivo, tudo é possível na vida. Mas e a Flor de Maio do título? Segredo total, só Godofredo pode te contar o que é. Um livro inesquecível de simplicidade tocante, uma relíquia para as futuras gerações. Amo para sempre!!!