Opa, hoje é aniversário de 181 anos do meu ídolo Lewis Carroll (1832-1898) e é óbvio que não perderia esta boa oportunidade para falar mais sobre Alice. Na continuação das aventuras da garotinha mui sagaz - agora com sete anos e seis meses – ela é transportada para a Casa do Espelho, um mundo bizarro onde tudo acontece ao contrário, mas seguindo os movimentos de um jogo de xadrez. Parece pouco plausível, não? Isso não é nada perto das situações incomuns que Alice viverá durante sua nova jornada.

Aqui as criaturas (os “adultos”) continuam autoritárias e presunçosas, mas Alice já é uma gata escaldada e contesta a tudo e a todos. O fator mais importante, claro, é que a menina continua a surpreender-se, a admirar-se, a perder a voz diante do fantástico. Ela é demais! No jardim das flores vivas, entabula uma conversa com as gigantes e falantes Rosa e Lírio-Tigre, que espantam-se por Alice não ser mais folhuda e por não ter as pétalas mais crespas. Para avançar as casas do tabuleiro, Alice precisa fazer o caminho inverso e logo dá de cara com a Rainha Vermelha, que garante que a menina poderá tornar-se rainha se chegar à Oitava Casa. A Rainha Vermelha oferece-lhe um biscoito para “matar a sede” e elas despedem-se.

Empolgada, Alice tenta avançar, mas com muitas dificuldades, porque todos que colocam-se em sua trajetória parecem atrasá-la mais e mais. Insetos um tanto dramáticos (uma das minhas sequências preferidas), o bosque onde as coisas não têm nomes, Tweedledum e Tweedledee, o Rei Vermelho sonolento, a Rainha Branca descabelada que transmuta-se na velha Ovelha amante do tricô, todos têm sempre uma crítica a fazer ou um poema a declamar. Perdida entre devaneios, a menina Alice acaba enamorando-se dos juncos perfumados no rio e quase esquece o seu rumo. Finalmente ela encontra o ovo sabido Humpty-Dumpty, que esclarece algumas de suas dúvidas. Há muitas referências a canções infantis de língua inglesa e personagens de contos de fadas nem sempre conhecidos por aqui, mas vale a pena uma leitura mais demorada, atenta, e que sabe uma pesquisa subsequente.

Voltando à história, Alice segue pelo bosque, no qual ressoa o estrondo de milhares de soldados e seus cavalos. A garota encontra o Rei Branco fazendo anotações e ambos seguem a movimentação dos soldados, que assistemao duelo do Leão e do Unicórnio pela coroa do rei (mais contos de fadas aqui). Na hilária pausa para a merenda, Alice fica cara a cara com o Unicórnio que pensava que as garotinhas eram monstros fabulosos. 

Tentando servir um bolo de passas que teima em se reagrupar ao ser cortado, Alice mal imagina estar tão perto da Oitava Casa e de seu possível reinado. Algumas aventuras e confusões ainda aguardam esta amada menina e tenho certeza de que você, criança ou adulto, terá belos sonhos acordados durante a leitura, e depois também. Se de repente se encontrar na Casa dos Espelhos, nem tente descobrir se está sonhando ou não. Aproveite a estadia :D