Eu tenho fascínio por algumas culturas e a nórdica é uma delas. Bem, Neil Gaiman - leia sobre ele aqui também - não é nenhum viking norueguês, na realidade ele é um inglês bem malucão, expert em escrever sobre terras fascinantes e às vezes até sobre mundos que não existem (será que não?). Pois bem, aqui ele nos relata a história do jovem desafortunado Odd. 

Odd, menino de doze anos, morador de um vilarejo às margens de um fiorde norueguês, cujo pai morreu recentemente de maneira pouco heróica (os vikings só se interessavam pela morte gloriosa). Para piorar a situação, o jovem sofreu um acidente estúpido e ficou com a perna direita aleijada. Pior ainda: sua mãe casou-se novamente, com um viúvo repleto de filhos que o importunavam dia e noite. Quem aguentaria uma vida dessas? 

O garoto decide abandonar os olhares maldosos e as línguas afiadas do vilarejo e instalar-se na antiga cabana da floresta que o pai usava para esculpir peças de madeira no inverno. Justamente naquele ano, o inverno parecia não ter fim. Mesmo com dificuldade, Odd arrasta-se até a cabana, seu novo lar. Logo na chegada depara-se com uma cena inusitada: uma raposa chama sua atenção e o leva até um urso preso numa árvore, vigiado de perto por uma águia. 

Sem entender nada, Odd solta o urso da árvore e os animais o levam de volta para a cabana, onde buscam refúgio. Durante a noite, Odd escuta a conversa dos animais e, ao pressioná-los, descobre que eles eram ninguém menos do que Odin, Pai de Todos (transmutado em águia), Thor, o Senhor dos Trovões (o urso) e o raquítico Loki, a raposa. Os deuses haviam sido enganados pelos gigantes de gelo, que os baniram de Asgard (a morada dos deuses) para Midgard (a nossa Terra) e condenaram toda a existência humana ao frio eterno. Ante o fantástico relato, Odd tranquilamente diz: “Está bem então. Partiremos assim que houver luz suficiente para viajar”. Os animais, estupefatos, olham para a cara dele sem entender nada. “Para Asgard, claro.” E volta a dormir. Simples. Assim como todos os outros livros de Gaiman, é um fragmento de um grande e possível sonho. Sou fã ardorosa, amo!